MENSAGEM PARA O NOVO ANO...

Créditos:www.dicasdaraphinha.com.br

NUNCA IMAGINEI...

Créditos: aindasoudotempo.blogspot.com

... que fosse sentir tanta falta de conduzir. Tenho veiculo próprio desde os meus 20 anos e a independência e autonomia que conduzir alberga não era valorizada por mim, até ficar privada disso...

11 semanas após chegar a Angola, voltei a conduzir. Mas desta vez num carro com mudanças automáticas. E sem conhecer caminhos, estradas e atalhos. E sem dominar a arte de conduzir numa estrada preparada para 3 faixas de rodagem mas filas enormes de veículos formarem 5 e miraculosamente por vezes 6 faixas de rodagem. Uma delas situada no passeio de terra onde pessoas circulam...

Sobrevivi à primeira experiência. E passada a ansiedade e o pânico, senti-me livre! Normal! IUPIII!!!

Tudo isto por carregar em pedais e agarrar um volante... acho que estou a precisar de uma vida...

O GANG DO RIMAPE


A minha primeira aventura na escrita criativa online. O meu primeiro blogue, inspirado nas minhas filhas - na altura da criação do blogue ainda era só mãe a duplicar.

Depois, o tempo escasso, o cansaço das vicissitudes da vida e o achar que o que escrevia até nem era lá muito interessante... foram colocando este "cantinho" parado. 

Mas agora, sendo mãe a triplicar e com tantas ideias para escrever sobre como os miúdos vêem esta família de 5, dei ao blogue uma segunda oportunidade, uma "cara nova" e energia carregada para o voltar a andar.

Espero que gostem, eu vou adorar receber a vossa visita :) 

CONQUISTA A TUA LIBERDADE. TU CONSEGUES!


O MELHOR DE MIM ESTÁ PARA CHEGAR...

Uma amiga enviou-me uma música. Ouviu-a e disse que só se lembrava de mim, por causa da letra da canção.

Ouvir aqui: https://youtu.be/2UDZH_Htpq8

Embora não seja grande fã da artista, de facto a mensagem que a música traz condiz, visceralmente, com o meu estado emocional por estes dias.

É o que dá termos pessoas que nos conhecem e sentem tão bem...


ESCREVER É O MELHOR REMÉDIO, TOMAR SEM RESTRIÇÃO!


O acto de escrever é para mim sinónimo de serenidade, calma e paz. Traz-me sanidade mental nos quadros de elevada ansiedade em que por vezes me encontro. E escrever sobre o que e quem mais gosto é então TOP!

Mas o meu acto de escrever foi sempre solitário. Até agora. Esta nova "casa" que vos apresento será decorada e recheada por mim e pela minha grande amiga que me lançou este desafio. 

O titulo do blogue indicia qual o tema que predominará nos artigos a publicar. Mas não se esgotará nisso... Convido-vos a visitar, partilhar e comentar. Entrem, a casa é vossa!

SER EXTRATERRESTRE É BOM!

Créditos: antologiadevir.wordpress.com

Fazermos a viagem da descoberta de quem realmente somos implica descobrirmos os nossos valores nucleares e vivermos plenamente em conformidade com os mesmos.

Nesta viagem interior vamos dando conta de que precisamos de fazer obrigatoriamente algumas coisas básicas, como por exemplo distanciarmos-nos do que o outro pensa e diz sobre nós. Exercício difícil... pois desde sempre nos regemos pelo que o outro diz: nascemos e absorvemos o que os nossos pais dizem para nós, crescemos e absorvemos o que os professores dizem de nós, os colegas da escola, os amigos, o namorado, a chefia... a aprovação do outro validava a nossa existência. Lembram-se - para quem passou por isso - de se sentirem miseravelmente invisíveis quando na escola eram dos últimos a serem escolhidos pelos vossos pares, para a formação de equipas? Sentiam que não eram suficientemente ágeis, bonitos, atléticos, simpáticos, interessantes, populares...? Sentiam-se diferentes. E isso era sentido como mau.

Mas o que o outro diz e assume sobre nós é apenas a sua verdade. Não a nossa. A nossa verdade cabe a nós descobri-la, aceitá-la e interiorizá-la. Quem somos não implica sermos como os outros. Implica apenas... sermos nós. Em toda a nossa essência. Pura e crua. Mesmo que esta essência seja bem desigual da essência do outro. Mesmo que muitas vezes nos sintamos uns extraterrestres e outras tantas vezes até duvidemos de nós, por o outro lado dizer, pensar, mostrar, agir de forma tão consistente mas tão díspar de nós. Atenção: o outro lado não está errado. O nosso lado também não. Ambos os lados estão apenas em estádios - lá está! - diferentes. Mas ser diferente não é ser certo ou errado. É apenas... Ser.

Abracemos quem somos, aceitemos quem o outro é, e continuemos a nossa viagem de descoberta interior.

Se já concluiu a sua viagem... parabéns! Acredito que a Felicidade andará já também de mão dada consigo. 

Por estes lados, a viagem continua...

TIRAM-SE AS ESFERAS - O QUE FICA?

Créditos: https://www.pinterest.com/MathTeacher21/

Todos nós somos várias coisas e assumimos vários papéis. No meu caso, sou mulher, mãe, esposa, life-coacher, doméstica, cuidadora, amiga, irmã, crafter... cada um destes papéis é uma esfera que, em conjunto com todas as outras esferas, compõe a minha vida. Mas... 

... não definem quem eu sou, nem o meu interior. São apenas pequenas partes de mim que coexistem porque existe uma sociedade instituída e somos animais sociais. 

Quem eu sou não tem esferas nem papéis associados. Trata-se apenas da minha essência, do meu núcleo. Ao longo dos séculos muitos têm tentado definir o que é a essência de uma pessoa, ao mesmo tempo que procuram saber qual é a sua. Ou seja, saberem quem são verdadeiramente.

Este é um exercício extremamente difícil para mim. Ainda não cheguei a uma conclusão palpável. Como saber quem eu sou, qual é a minha essência nua e crua, depois de me despojar de todas as minhas esferas de mãe, esposa, mulher... E o que fica depois desse despojo? Como é a minha "bola verde"?

Estou a procurar. A questionar. A prescrutar. E desconfio que continuarei a fazê-lo por algum (bastante) tempo...

JÁ DISSERAM QUE... #2


A DOR DA SAUDADE

sau·da·de |au| ou |a-u| 
 (latim solitas, -atis, solidão) 
substantivo feminino 
1. Lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que alguém se vê privado. 
2. Pesar, mágoa que essa privação causa. 
3. [Botânica] Planta dipsacácea. = SUSPIRO 
4. [Botânica] Nome de várias espécies de plantas com flores de cores variadas. 
 "saudade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/saudade [consultado em 07-12-2015]

Ouço que com o tempo passa, que fica mais pequena. A dor. 
(Ainda não senti isso)

Que com a distância, tudo se relativiza e as novas experiências amenizam as lembranças do que ficou para trás. 
(Mas eu não deixei nada para trás, tenho tudo no meu coração)

Que com uma nova vida, novas amizades aparecem. E as outras ficam em suspenso porque não há espaço para tudo.
(Há sim, o meu coração é elástico o suficiente)

Lembrança grata... Sim, gratidão é o que sinto por ter conhecido todas as pessoas que fazem parte da minha vida. Mesmo em relação às pessoas que por variadas razões já não fazem parte da minha minha vida, sinto-me grata por elas me terem ajudado a ser quem sou hoje.

Sinto-me grata pela saudade imensa, dolorosa, por vezes (muitas vezes...) exasperante das pessoas que são importantes para mim, mas tão importantes... e a quem nesta altura não posso abraçar, sentir o cheiro, oferecer um café ou o pequeno-almoço.

Com a reconstrução de uma nova vida vem a reconstrução da rede social. Mas eu não estou a reconstruir, porque nada foi destruído. Estou sim a completar a rede, a aumentar a sua dimensão. E grata estou pelas novas pessoas que devagarinho vão entrando na minha vida, porque me têm ajudado a sentir-me normal, a sentir-me inteira.

Sentir a privação é sentir a dor. Está viva no meu coração. Porque simplesmente não posso esquecer. Porque esquecer-me de alguém é esquecer-me de mim.

E agora que chega a quadra natalícia, custa lembrar o que sempre foi. E embora o que este ano será se adivinhe bom pela estreia e pela diferença, ainda assim a saudade aperta. A saudade doí. 
(Porque a privação está aqui a moer...)

Estou em dois mundos: o mundo que tenho actualmente e que estou a abraçar lenta mas firmemente;  e o outro mundo - do que tinha, do que tenho e do que sempre terei, porque está todo aqui, bem apertadinho no meu coração. E não abro mão dele. 
(Não, nunca abrirei mão de vocês!) 

TINHAS RAZÃO, AMIGA!

Areia castanha que o felicíssimo P. orgulhosamente mostra à mãe

Mãe descansa debaixo do baloiço enquanto olha demoradamente para a árvore que lhe traz sombra

"Angola vai fazer-te bem!", dizia uma amiga minha, estava eu ainda em Portugal, a propósito da minha aflitiva preocupação com as mãos sujas dos miúdos, com um pouco de molho de tomate e de gordura da pizza que estavam a devorar. Os mais novos a comer descansados e eu atrás deles com guardanapos de papel a limpar-lhes a mãos de 5 em 5 segundos!

"Angola vai fazer-te bem! Vais deixar de te preocupar com certas coisas e relaxar!" Disse-me ela a sorrir, enquanto me observava a tentar respirar fundo, sem grande sucesso. 

Devolvi-lhe o sorriso.
(És capaz de ter razão. Embora neste momento não o consiga visualizar...)

Agora que vou a caminho do terceiro mês em Luanda, reconheço algumas mudanças em mim. Nas pequenas coisas. Há qualquer coisa nesta terra, com este clima, que faz o tempo andar mais devagar, o stress diminuir e que transforma certas regras antes rígidas e por isso geradoras de conflitos para guias de comportamento com abertura para a flexibilidade e negociação. 

Bem, ainda assim a anarquia não entra em casa. Os miúdos andam limpos à mesma, mas se cai uma nódoa na camisola ou se vira uma gota de sumo no calção, já não vou a correr ao armário buscar uma peça limpa para trocar! A menos que estejamos de saída para um evento VIP, não há necessidade de trocar roupa que, inevitavelmente se irá sujar à mesma com a brincadeira no parque ou com a jogatina de bola no pátio. E mesmo que tenha acabado de calçar as sandálias ao mais novo e 5 minutos depois o vir a correr descalço no pátio, isso já não me irrita e não o obrigo a calçar novamente as sandálias (embora esteja absolutamente proibido de se sentar no sofá da sala sem limpar os pés antes!). 

É que eu sou daquelas pessoas que nem se dão conta que estão em piloto automático em determinadas situações. Quantas vezes fui jantar a casa de amigos próximos, onde as pesadas regras de etiqueta ficam na gaveta pois estamos todos à vontade - se alguém partir um copo de vinho o anfitrião não se chateia - e eu passava o jantar todo a fiscalizar os meus filhos para ver se comiam tudo, se não deitavam comida para o chão, se as mãos estavam limpas, se a boca estava gordurosa, se não partiam um copo, se não falavam com comida na boca... por mais de uma vez fui retirada desse estado quase hipnótico com um "Ó Sónia! Pára lá de controlar os miúdos! Eles portam-se sempre bem, estás a stressar para quê?"
(pois... os miúdos realmente comportam-se bem...)

A forma como a gente desta terra vivencia as amizades e os convívios, a importância que a musica tem na forma como todos se relacionam e o tipo de clima que parece dar mais sabor ao refresco de final de tarde (tenha ele álcool ou não...), tudo isto mexe connosco de forma inexplicável e provoca mudanças interiores positivas. 

Já não me lembro da ultima vez que entrei em piloto automático...

A HUMANIDADE CONECTADA

Créditos: slideplayer.com.br

Licenciei-me em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho, Mas adorava ter cursado Psicologia pois sempre quis saber como funciona a mente e explicar o comportamento humano.

Tive há dois anos atrás a oportunidade de conhecer com mais pormenor como funciona a mente - a minha. E ao longo desses dois anos, fui percebendo como interajo com o mundo e com as pessoas à minha volta. E conhecendo em pormenor as razões dos medos, das ansiedades e dos padrões de comportamento que manifestei durante muito tempo e que me atormentavam e paralizavam. Só podemos mudar aquilo que reconhecemos...

Nesta viagem de auto-conhecimento e de cura, o conceito de inconsciente colectivo criado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (colaborou com Freud no inicio do século passado e criou a Psicologia Analítica) foi-me apresentado na senda de eu perceber porque razão durante algum tempo após o meu pai falecer eu sentia o seu cheiro no corredor da minha casa (onde ele nunca esteve...) ou como era possível eu e outra pessoa a mais de mil quilómetros de distância sonharmos na mesma noite a mesma imagem (já aconteceu convosco...?).

O conceito de inconsciente colectivo é muito simples: todos existimos em matéria (protões, neutrões, átomos, etc.), matéria essa que se apresenta em formas diferentes a dado momento. Mas independentemente da sua forma, continua a ser matéria. A imagem do iceberg é perfeita para exemplificar este conceito:
Créditos: wall.alphacoders.com

O iceberg flutua no oceano que é constituído por água no seu estado liquido. O iceberg é constituído por gelo, ou seja, água no seu estado sólido. O iceberg vai aumentando ou diminuindo consoante a temperatura circundante - água em estado sólido que passa para estado liquido e vice-versa. A água presente no oceano também circula de estado em estado - ora no estado liquido, ora no estado gasoso, ora no estado sólido, como neste lindo iceberg. Em todo este processo, a matéria não desaparece, apenas se apresenta em diferentes estados: sólido, gasoso ou liquido.

Assim também é a Humanidade - matéria que se apresenta em diferentes estados: 
. o topo do iceberg somos nós no agora em estado sólido, que comemos, trabalhamos, saímos para jantar com os amigos, somos filhos, temos filhos, somos avós... 
. a parte submersa do iceberg somos nós rodeados das nossas memórias pessoais, dos nossos medos mais profundos, das recordações de nós ainda na barriga da nossa mãe, dos nossos conceitos não conscientes sobre o mundo e como nos relacionamos com ele;
. a água são os nossos antepassados, são as memórias colectivas da nossa família, são a história de toda a Humanidade, são as recordações e contribuições de todos os que já viveram em estado sólido.

E neste oceano tudo circula e é energia positiva que se movimenta em torno do ciclo da vida e em prol dela. Nada se perde, tudo se transforma, tudo simplesmente existe e é. 

Só depois de ter compreendido e aceite este conceito Junguiano do inconsciente colectivo é que deixei de me sentir assustada por sentir o cheiro do meu pai após ele ter partido: 4 anos após ele falecer, eu ainda lutava com um peso enorme nas minhas costas, a "mochila" da culpa, por sentir que poderia ter feito mais para impedir a partida tão precoce e repentina dele. E esse peso estava a tornar-se demasiado pesado... Tomada a consciência de que não estava nas minhas mãos o curso da sua vida, a mochila desapareceu. E eu fiquei mais leve. Fiquei tranquila. Neste oceano em constante movimento, os átomos, protões, neutrões... conectam-se e passam mensagens. Como o meu pai, após a sua morte física, passou para mim, para me ajudar.

Por isso, depende de cada um escolher a contribuição que a sua matéria - seja em estado sólido, gasoso ou liquido - oferece a este Oceano pleno e vivo que é a Humanidade. Todos fazemos parte dele, todos somos Ele.

ALIMENTO PARA A ALMA


Sempre gostei de ler. Após dominar a leitura, devorei muitos livros que os meus pais tinham adquirido ao longo dos anos para eles e para os seus filhos: livros de banda desenhada, enciclopédias sobre animais, sobre civilizações antigas, o atlas do mundo... 

As minhas compras começaram mais tarde e as escolhas eram bastantes eclécticas. A biblioteca lá de casa foi-se compondo, com as minhas aquisições e com presentes fantásticos a mim oferecidos, como o "As Cinzas de Ângela" de Frank McCourt - até à data, o único livro que li duas vezes!

Alguns dos livros que tenho neste momento na mesa de cabeceira ainda não foram folheados. Ainda não chegou a hora de os ler. Outros consulto quase diariamente, como " A Inteligência da Alma". Actualmente estou a ler "O Poder está Dentro de Si". Comecei a sua leitura há quase 6 meses. É um daqueles livros que se lêem devagar e um pouco de cada vez, para que as mensagens nele esplanadas sejam devidamente assimiladas, de tão poderosas e libertadoras que são.

Nem sempre respeitei o poder pessoal que a leitura nos dá. Mas sem dúvida que a maturidade destes meus 40 anos permite-me hoje afirmar que sem livros, o cérebro passa fome e definha.

Estou tranquila, tenho a despensa cheia.

AZAR, AZAR... NÃO, NÃO VI!


Chama-se Black. Eu sei, nome super original, como é que alguém se lembrou de lhe chamar a cor do pêlo dele?

Era o gato da minha mãe, foi para sua casa pouco antes de o meu filho mais novo nascer. Depois a sua dona já não pôde mais cuidar dele e veio para minha casa. E quando rumei para outro continente, foi para casa do meu irmão. É o gato da família.

E neste dia em que se brinca com o azar do 13 numa sexta-feira e dos gatos pretos que se cruzam no nosso caminho, este gato aqui merece uma entrada por aqui, neste cantinho.

Porque este gato foi a companhia de uma mulher viúva, foi o aconchego dos seus pés nas noites frias, foi o recordar de como era cuidar de filhos pequenos (com a fome a apertar este bichano berrava - miava - como um bebé!), foi a presença permanente quando o fim se anunciava...

Azar ele não trouxe, nunca. Trouxe e traz sim meiguices e arranhadelas, alegria e brincadeiras, vontade de mimar e cuidar. Ouvindo-o a ronronar, o coração derrete. E o tempo pára.

É o gato da família. E não somos azarentos...

OS CONTRASTES DE LUANDA - ANGOLA VISTA PELA LUPA DE UMA CIDADE

Quando se chega pela primeira vez a Luanda, tudo é um choque. O clima é sempre muito quente, o pó anda sempre no ar, as ruas estão sempre com lixo nas bermas, o trânsito é sempre de loucos, há sempre imensas pessoas a passar de todo o lado para todo o lado, é sempre difícil encontrar certos produtos alimentares que na Europa damos por garantidos.

Mas quando se chega a Luanda também somos confrontados com outras surpresas: as pessoas são muito acolhedoras, as paisagens naturais são de se perder o fôlego, a água do mar é limpa e temperada, os pratos típicos são deliciosos, a natureza ainda é preservada, o tempo parece correr mais devagar, aprende-se a fazer do pouco muito e a perceber que se calhar não era preciso o muito que se queria anteriormente. Deixa-se de estranhar. Para se começar a entranhar. 

Mais do que palavras, imagens. Do que choca e do que deslumbra. Do mau que se vai relativizando e do que levita e serena, até se esquecer as horas. 

Musseque da Praia do Bispo

 Baía de Luanda

Trânsito - 5 filas de carros em 3 faixas de rodagem

Praça na Baía de Luanda

Acácia branca

Sangano - Terra seca depois de 3 horas de sol matinal 

 Corvina pescada de madrugada e comprada 3 horas depois na praia

Sentir o mar ao pôr do sol

Lojas de comércio local

Cliente improvável no restaurante

Museu militar instalado na Fortaleza de São Miguel
 
 Mussulo
 
Caramboleira (acho eu...)

Contrastes que chocam. Contrastes que se misturam e que convivem lado a lado em aparente harmonia. A confusão está apenas, pelo que parece, nos olhos e mente de quem ainda não os integrou no seu interior.

Estamos a lá chegar. Estamos a lá chegar...

A ANSIEDADE DO TEMPO


Aos 19 anos desisti de usar relógio de pulso. Zanguei-me com os relógios. Tive alguns bem engraçados e gostava de os ver no pulso, mas não sei porquê, passado pouco tempo de uso deixavam de funcionar, apesar de a pilha estar ainda com carga. Para além disso, tive sempre a sensação que usar um relógio de pulso me fazia sentir sufocada, controlada e que o tempo corria sempre depressa demais. Consultava constantemente as horas, era só desviar o olhar para o meu braço direito e verificar onde pairavam os ponteiros. Ficava ansiosa por ver o tempo passar através daqueles ponteiros.

Deixei de consultar as horas no relógio de pulso. Passei a consultar as horas pelo relógio de parede de casa, pelo relógio do carro, pelos relógios dos outros, pelo telemóvel. Deixei de me sentir sufocada e controlada pelo tempo...

... mas cheguei muitas vezes atrasada a compromissos por não saber que horas eram. Saí de casa muito mais cedo do que o necessário por ter medo de não chegar a horas a determinado local. Perguntei as horas vezes sem conta a desconhecidos por não ter qualquer meio comigo de saber que horas eram. Vistas bem as coisas, o tempo continuou a controlar-me. E a ansiedade estava cá dentro à mesma a fazer estragos, mas ao não ver o relógio no pulso, não via o restante...

Uma semana antes de viajar para Angola - um dos acontecimentos que mais ansiedade me causou na vida! - apaixonei-me por um relógio de pulso. E adquiri-o, por impulso. Numa ida a uma loja para reparar uma bracelete de um relógio do marido, deambulei os olhos pelas montras da dita. E eis que o vejo, um relógio de pulso bonito, clássico e que à primeira vista... não parecia um relógio de pulso! 

Olhei para ele e pensei: "estás a fazer-me olhinhos... és bem bonito... era bem capaz de mandar às urtigas a minha zanga com os relógios de pulso e trazer-te... nem vou pensar muito... vou levar-te!"

E assim foi. Uso-o quando saio de casa. E esqueço-me que o tenho no meu braço direito. Porque também me esqueço de consultar constantemente as horas. É que ao longo destes anos todos fui descobrindo que podemos projectar num objecto, pessoa ou ideia tudo aquilo que não queremos lidar ou aceitar, mas "aquilo" continua connosco, a menos que o reconheçamos e aprendamos a geri-lo. E eu já aprendi a gerir e lidar com a minha ansiedade.

Adoro o meu relógio de pulso!

TÉCNICAS DO COACHING - A LINHA DO TEMPO

Créditos: noticias.universia.com.br

O Coaching é uma ferramenta de mudança interior muito eficaz, basta para isso que estejamos no ponto de querermos promover a mudança. O Coaching ajuda no "como" lá chegar.

No decorrer da relação Cliente-Coach vai-se aferindo o que de facto é necessário reestruturar, reconhecer ou interiorizar, utilizando-se para isso várias técnicas específicas. A Linha do Tempo é uma delas.

Quem já não sentiu dificuldades em visualizar a sua vida a médio ou longo prazo? Definir onde queremos estar ou ser num prazo de 5, 10 ou 20 anos requer que saibamos exactamente em que ponto da nossa vida estamos actualmente e o que temos de fazer para alcançar o objectivo definido. Muitas vezes não é o "quê", mas o "como" que nos bloqueia...

A Linha do Tempo é uma ferramenta extraordinariamente simples, mas muito poderosa. Porque nos permite visualizar, textualmente, o caminho a percorrer para chegar à almejada meta. 

O formador que ministrou o curso de Certificação de Coaching no qual eu me graduei como Coach certificada utilizou materiais bem simples e que para mim também funcionam na perfeição: com recurso a folhas A4 e uma caneta de feltro, o cliente é convidado a escrever numa folha o seu objectivo a longo prazo, seja a 5, 10 ou 20 anos (no primeiro contacto do cliente com esta ferramenta é aconselhável definir prioritariamente objectivos a 5 anos). A partir dessa folha  - por exemplo "em 2020 mudei de emprego" - o Coach vai ajudando o cliente a recuar a partir dessa data e a perceber o que irá acontecer e de que recursos precisa, em cada ano, para potenciar o alcance desse objectivo, até ao presente. Para cada ano há uma folha A4 e nelas são escritos os recursos que o cliente entende como necessários. Todas as folhas são colocadas em linha para que o cliente visualize a sua jornada que, se ele quiser, se inicia já naquele momento. Porque tudo o que for colocado naquelas folhas são recursos que o cliente possui, são competências que ele domina, são capacidades e poderes intrínsecos a si que provavelmente, até aquele momento, não se tinha dado conta que tinha.

No curso de certificação de coaching aprendi logo no primeiro dia que só compreenderemos totalmente uma técnica se a experimentarmos e experienciarmos. Eu fui a formanda escolhida para exemplificar a técnica da Linha do Tempo à restante turma. O objectivo que estabeleci na altura em 2009, foi em 2014 ter três filhos e viver numa casa térrea com jardim. Porque com esses elementos na minha vida eu visualizava-me feliz...

E desde esse dia que, apesar de nem sempre acreditar e de nem sempre me sentir merecedora, no meu interior forças, atitudes, tomadas de consciência e reestruturações de paradigmas se conjugaram para me conduzir ao dia de hoje: em 2014 nasceu o meu terceiro filho e desde setembro de 2015 vivo numa casa térrea com um jardim, se bem que pequenino. Mas é um jardim!

A vida dá muitas voltas e nem sempre temos a certeza de que estamos a rumar na direcção certa. Mas se tomarmos consciência clara e absoluta do que queremos, se nos rodearmo-nos dos recursos que temos à disposição e se acreditarmos de que somos merecedores, chegaremos lá. 

E o Coaching e a Linha do Tempo podem ajudar...

DEPENDÊNCIA SAUDÁVEL QB



Eu assumo: sou Listo-dependente. Faço listas para quase tudo: lista de compras do mês, lista de prendas de aniversário, lista de prendas de natal, lista de coisas a fazer no dia, lista de artigos a escrever, lista de sítios a visitar com os miúdos, lista de material a levar para um fim de semana no campismo, etc..

Uma vez uma amiga minha disse-me, admirada por eu em Outubro ter já a lista das compras de natal definida: "bem, tu és tão organizada!".

Não. Sou tudo menos organizada... Aliás, sou bastante desorganizada! E por o ser, faço listas! Para me organizar, para não me esquecer de nada, para saber o que tenho de fazer a seguir, para perceber o que tenho de preparar, enfim... para mentalmente me organizar. 

Porque já testei outros métodos para combater a minha desorganização mental bem como a minha dificuldade em reter na minha cabeça tudo o que tenho de fazer, comprar, tratar... e fazer listas é o método que funciona comigo. Isso e ter uma agenda onde anoto tudo!

Outros podem olhar para mim e pensar que sou um pouco "freak control" por causa desta coisa das listas. Também é verdade, sou um pouco isso. Mas não sei o que seria de mim sem a minha agenda e as minhas listas. 

Se calhar andaria por aí a vaguear, a tentar lembrar-me se me esqueci de alguma consulta marcada ou de comprar alguma coisa indispensável que precisava para... agora!

HÁ DIAS EM QUE...

Vista a partir do Miradouro da Lua, Angola

Há dias em que acordamos cansados. O corpo recusa-se a carregar energias, a mente vagueia, os olhos cobiçam o sofá.

Há dias em que apetece fazer nada. E que só o pensar no nada cansa.

Há dias em que, se fosse possível, acordávamos logo no dia a seguir, para ver se acordávamos melhor.

Há dias... em que nos sentimos muito pequenos, quase invisíveis. E tudo parece extremamente difícil, demasiado exigente, impossível.

Quando vi a paisagem que o Miradouro da Lua oferece, senti-me bem pequenina. A beleza da natureza, a pureza do agreste, a força da vasta extensão de terra, quase que nos engolem. Aquilo que estava a ver era o básico de tudo, a essência da vida. "Somos nada diante disto", pensei eu. 

Mas... naquela paisagem... eu estou lá. Eu faço parte dela, integro-a. Bem como a beleza, a pureza e a força. Eu também sou isto. Eu também faço parte da essência da vida.

Mais do que renegar os momentos em que nos sentimos menos bem, podemos aceitá-los como parte de nós. O branco só aparece no preto, o ying aparece pelo yang, a sombra só se vê pela luz. Todos temos os nossos momentos altos. E os nossos momentos baixos.

Mas o dia está aí pronto para nos oferecer novas energias. E abrir a porta da janela para deixar entrar o Sol aquece-nos o coração. E falar com aquela pessoa especial ilumina o dia. 

Quando nos dermos conta, o dia que se avizinhava interminavelmente chato, renova-se, energizante e repleto de coisas boas. 

Num instante, tudo se altera. Basta mudar a nossa perspectiva. Basta saber que somos grandes, como a Natureza. E o dia transforma-se.

Há dias em que... é apenas isto que é preciso...

EMPATIA COM SALSINHA E OVOS MEXIDOS


A fotografia acima regista a primeira refeição que a minha filha mais velha confeccionou inteiramente sozinha. O que tem esse feito a ver com empatia...?

Ela diz-me um dia que gostava de ser ela a cozinhar o almoço. Sem ajuda. Boa! - penso eu - já está na hora de começar a fazer experiências, no sentido de ser autónoma.

Sugiro-lhe que cozinhe algo simples e rápido. Ovos mexidos com salsichas acompanhados de uma salada de tomate e requeijão e batatas fritas, opina ela. Sim senhora, estou a gostar da atitude da rapariga.

- Então começa lá a fazer isso que eu vou adiantar umas coisas no escritório.
- Mas mãe, vais-me deixar aqui na cozinha sozinha?!
- Então! Não é para fazeres tu o almoço? Se eu estiver aqui é para fazer eu...?
- Não, eu vou fazer tudo sozinha! Mas tens de me explicar como ligo o fogão e a que temperatura deve estar a frigideira. E quantos ovos faço? Nunca fiz ovos mexidos! E as salsichas fritam-se inteiras, aos bocados ou abertas ao meio?
- ... pois... tens razão, há umas coisas básicas que tenho de te explicar antes. 

Pois, ela tem razão. Eu esqueci-me que para ela tudo era novo e desconhecido. Eu esqueci-me que quando eu me aventurei pela primeira vez na cozinha, também nada sabia sobre temperaturas de frigideiras e ligar o fogão, ou como cortar uma cebola. Eu esqueci-me de me colocar no seu lugar, de ver a experiência pelos olhos dela. Esqueci-me de ser empática.

A empatia é uma qualidade que se aprende e se treina. Infelizmente não é inata, porque se assim fosse muito dificilmente haveria bullying - o agressor sentiria a dor e a humilhação da vitima. E não o repetiria.

Mas não sendo inata, pode - e deve - ser treinada. Basta pensar numa pequena frase: "e se fosse eu nesta situação?" E só depois agir. Experimentem...

P.S.: os ovos mexidos estavam simplesmente perfeitos!

A COR QUE MARCA


Angola encerra em si muitos contrastes. Para poder amar Angola, tem de se amar as contradições, os extremos, a beleza natural e desnorteante das paisagens e o caos das cidades centrais.

A realidade que melhor vou conhecendo é Luanda. A cidade fervilha com novas construções de prédios, centros comerciais, centros de lazer, empresas; a arquitetura dominante é atual mas pincelada de cores vibrantes, como só num país africano pode haver.

No entanto, vamos passando na rua e há uma cor que domina toda a paisagem: o castanho barro, ocre, seco, da terra angolana. Os cartazes depressa são apagados por um manto de pó castanho, os jardins são tomados de assalto por esta terra, os passeios que antes eram cinzentos do cimento passam a ser desta cor que domina, manda, que é a imperadora de todo este território. É a terra do cheiro que fica na memória de todos os que já cá estiveram. A minha mãe, nascida em Luanda e que cá viveu até aos 8 anos, confessava que uma das suas memórias mais fortes era do cheiro da terra. Tendo partido tão pequena e após tanto tempo, ainda se lembrava do cheiro da terra. Com saudade...

A terra de Angola tem uma cor hipnotizante. Como só as terras férteis e ainda intocáveis podem ter...

ENVIEM-ME A ALMA POR CORREIO

Créditos: macauantigo.wordpress.com

Faz esta semana um mês que aterrei em Angola. A poeira inicial levantada começa a assentar e a deixar ver alguma coisa mais nitidamente. A casa já está adaptada às necessidades e gostos de pequenos e graúdos, as rotinas começam a instalar-se, a vida em família recomeça a rolar normalmente. Como todos nós ansiosamente desejávamos.

No entanto para mim, algo ainda não bate certo, algo está ainda a faltar, o meu coração ainda está inquieto...

Ainda não me sinto em casa aqui. Mas sei que a minha casa já não é lá. O meu corpo aterrou em Angola, mas todo o resto de mim ainda não chegou cá. A minha alma ainda não chegou cá. Anda a pairar por aí, não sei muito bem por onde; aguardo que sinta o chamamento e que venha para junto de mim.

Porque ainda não estou completamente em lado nenhum, sinto-me em terra de ninguém. E isso é doloroso. Todos nós precisamos de pertencer a um lugar, de sentir a terra como nossa, de saber que o chão não nos vai fugir dos pés. 

O que me lembra que terei sempre um chão firme pronto a receber-me de braços abertos é a minha Família - a de sangue e a que escolhi: a eles recorro para ir buscar as forças necessárias para me aguentar cá, mais descansada.

O que me segura neste chão é o meu núcleo: neles me apoio para chamar a minha alma para esta terra. Para junto de mim. Para voltar a sentir-me inteira. 

Para voltar a sentir-me em casa...

PALAVRAS ENVIADAS PARA O MEU CORAÇÃO

Para oferecer um presente a alguém não é preciso gastar dinheiro. Encher o coração, estender a mão, dizer "estou aqui para ti", não tem preço. Uma amiga bem especial enviou-me este poema, só para me aconchegar a alma e aquecer o meu coração, só para me dizer "estou aqui para ti". E é tão bonito, mas tão bonito, que aqui o deixo também para vocês:

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, 
Já perdi um AMOR por escondê-lo. 
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. 
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. 
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos. 
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem. 
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram. 
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir. 
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi. 
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto. Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir. 
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam. Já tive crises de riso quando não podia. 
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva. 
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse. 
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar. 
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros. 
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros. Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz. 
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava. 
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... 
Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali". 
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais. 
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria. 
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava. 
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda. 
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim. 
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. 
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração! 
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente! 
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. 
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para SEMPRE! 
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes. 
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. 
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: - E daí? EU ADORO VOAR! 
Clarice Lispector 

Cérebros activos e despertos para que vos quero!

O ano lectivo em Angola só inicia em Fevereiro. Ainda não tinha começado a encher malas para viajar e já pensava - todos os dias - em como iria ocupar o tempo dos miúdos e zelar pela minha sanidade mental enquanto a escola deles não iniciasse. Não haja dúvidas: eu adoro os meus filhos! Mas estar 24 horas por dia todos os dias em casa, com eles sem nada para fazer, é pedir para andar à estalada ao fim de uma hora depois de acordarem. 

E por mais tentador que seja para mim deixá-los perderem-se nas suas actividades favoritas: ver televisão, jogar no tablet e implicarem uns com os outros, tenho esta mania de não deixar o cérebro deles estupidificar... Logo, sobra para mim.

Foi-me aconselhado fazer um planeamento semanal com eles. Planear o que iriam fazer e em que parte do dia. Sabendo de antemão o que vão fazer, os miúdos sentem-se mais seguros. E rotina-se um pouco os dias, algo que também traz segurança - logo tranquilidade - às crianças. E aqui a mamã fica mais descansada.

O plano concretizou-se num quadro (um pouco tosco é certo, mas serve perfeitamente o objectivo proposto!) e nele dividir os dias, e em cada dia, a manhã e a tarde. 

Em cada manhã a criançada leva com a mamã-professora, que com eles desenvolve actividades e projectos adaptados a cada faixa etária (sim, ainda por cima tenho de ter essa variável em consideração no momento de escolher o projecto a desenvolver em cada dia...). Um dia são trabalhos manuais, outro dia fichas de matemática, outro dia fazer um bolo, enfim, as possibilidades são imensas e, até agora, ideias e sugestões não têm faltado.

Da parte da tarde os miúdos têm a mamã-mamã: aquela que cozinha, limpa, aspira, passa a ferro, passa raspanetes, dá mimos só porque sim... e eles podem, com regras acordadas previamente, ver televisão e jogar tablet. E após digestão do almoço feita, podem dar uns chapinanços na piscina insuflável (entretanto adquirida precisamente para ocupar saudavelmente o tempo dos miúdos e graúdos), brincar no pátio, fazer corridinhas... Na parte da tarde não há actividades programadas, os miúdos podem brincar como lhes apetecer. Só não podem arrancar olhos a ninguém - e a vitima fazer  depois queixa. Isso não, é aí que traço os meus limites!

Nem sempre consigo fazer tudo o que estava planeado. E há dias em que não me apetece fazer seja o que for com os miúdos. Mas vamos testando, testando, testando. 

Aqui ficam os registos da primeira actividade feita pela criançada, um marcador de porta:

Artista: a filha mais velha
Autoria: a filha do meio
Autoria: filho mais novo (com uma pequena ajuda da mamã...)

a ilusão das expectativas

Créditos: http://sp7.fotolog.com/photo/23/24/55/ritinha7nogueira/1225215153183_f.jpg

As mudanças são sempre um desafio interior a gerir com cuidado e atenção. E porque a mudança traz sempre consigo um pouco de desconhecido e de desconforto, queremos agarrar-nos à imagem bonita de que a transição vai ser suave, sem solavancos nem desvios, sem dor nem lágrimas, sem custar ou custar menos do que imaginamos. Ou seja, que tudo será um mar de rosas.

As rosas têm espinhos. E o mar é por vezes violentamente irrequieto.

A minha preparação da viagem para Angola e a viagem em si foram intensas. Mas a expectativa que entretanto criei antes de viajar - para acalmar a minha ansiedade - era que depois de aterrar com os meus filhos em terras africanas, me iria sentir mais leve, mais tranquila, segura, serena; a reunião familiar iria estender um manto de felicidade sobre todas as dores de saudades sentidas e colorir todos os momentos escuros que por aí viessem, oriundos do medo do desconhecido.

Não podia estar mais enganada. Mas pensando bem, só podia estar: durante dois anos e meio vivi praticamente sozinha com os meus filhos; habituei-me a gerir e tomar decisões sobre a casa e criançada sozinha; por outro lado, o meu marido esteve dois anos e meio sozinho, quase a viver uma vida de solteiro, pois não tinha esposa e filhos a solicitar cuidados, atenção e mimo. É fácil habituarmo-nos a estar sozinhos sem "dar cavaco às tropas". Demasiado fácil. E as adaptações emocionais e mentais de todos, em relação a todos, são avassaladoras. Embora inevitáveis.

Depois temos a variável "deixar o sitio que sempre conheci para ir viver num outro que não conheço e que é longínquo como o catano!" pelo meio. Para mim, aterrador. E Angola é um país com um clima fantástico (está sempre calor, mesmo quando chove o calor anda no ar...), com paisagens naturais de tirar a respiração de tão lindas que são, as pessoas recebem-nos de braços abertos... mas também é o país com gigantescas diferenças nas classes sociais, onde a esperança média de vida infantil é ainda relativamente baixa, onde milhares de pessoas trabalham mais de 12 horas por dia para conseguirem colocar alguma comida na mesa no final do dia, onde recolha de lixo e seu devido tratamento são conceitos que ainda vivem maioritariamente num papel algures numa qualquer entidade governamental competente.

A minha primeira semana em Luanda foi vivida em pânico. A primeira semana dos miúdos foi vivida num misto de maravilhada contemplação pelo mundo novo que se lhes desdobrava à sua frente e de contida dor pela saudade de todos os que lhes são queridos. Houve lágrimas. Houve discussões. Houve uma vontade enorme de voltar atrás e esquecer o porquê de termos vindo para Angola.

Gradualmente estamos todos a tirar os espinhos às rosas, para lhes podermos tocar e admirar a sua beleza sem sentir dor.

Gradualmente estamos todos a acalmar o mar revolto, para dentro dele podermos mergulhar sem receio de nos afogarmos. Sem dúvidas. Sem medo.

Não existe isso de "mar de rosas". Existe apenas o sentir e lidar com o que nos aparece pela frente, seguros de que tudo acontece por uma razão e que onde estamos é exactamente onde temos de estar. E na hora que tem de ser. O medo faz parte de nós, mas deixemo-lo fazer o que deve - colocar-nos em alerta, não nos paralisar. E criar expectativas serve para sentirmos que de alguma forma controlamos o que vai acontecer. E com isso não abraçamos o que acontece, porque agarramo-nos à ideia do que queríamos que fosse. E não vivemos de peito aberto o que é.

O meu desafio neste momento é não criar expectativas. 

Respirar fundo, manter o coração aberto para todas as emoções (positivas e menos positivas) e registar mentalmente tudo o que vejo de novo é um exercício diário, mas essencial. 

Para não criar ilusões.

COERÊNCIA e felicidade ligam bem

 
Neste anterior post transcrevi um artigo que abordava a nova emigração e os efeitos desta nas famílias - pais separados da sua prole e possíveis consequências que a distância geográfica provoca numa dinâmica familiar.
 
Pois bem, não sou de palavras bonitas mas vãs e vazias: o lugar onde o nosso amor e coração está é onde nós também devemos estar e por isso... eu e os meus filhotes viajamos para outro continente, a 8 mil quilómetros de distância de Portugal, para lá passar a viver, junto do meu marido e pai dos meus filhos.
 
Aterramos faz hoje 10 dias em Angola, Luanda. Juntamente com 12 malas de porão, 4 malas de cabine, 3 malas de computador e 4 corações apertados mas cheios de esperança - esperança de rapidamente voltarmos a ser uma família completa, por isso feliz!
 
Bem, parece-me que tudo está bem encaminhado para que isso aconteça...

Definir objetivos

Créditos: inbound.PT



Para que serve o Coaching? Para ajudar a alcançar objetivos previamente propostos. Mas ainda antes de "meter as mãos na massa", é preciso definir corretamente esses mesmos objetivos.

O Coaching é uma ferramenta poderosa, mas nunca fará com que ganhe o euromilhões. Se numa primeira sessão comigo me dissesse que o seu principal objetivo é ser multimilionário, de imediato lhe diria que o Coaching pouco ou nada poderá fazer por si. Mas logo de seguida lhe perguntaria o que ganharia interiormente se fosse multimilionário - as conclusões finais iriam surpreende-lo, pois o objetivo nuclear que realmente procura, nada tem a ver com dinheiro!

Conheci alguém que falava constantemente sobre o seu desejo de ter um automóvel pequeno de dois lugares. Pai de dois filhos e com um único veiculo de 5 lugares para tudo - idas para a escola, para o trabalho, para as atividades extracurriculares dos filhos - via um modelo desses a passar na rua e suspirava, via anúncios na televisão sobre o dito e suspirava. Chegou a afirmar que se tivesse um automóvel de dois lugares, seria feliz! Ora, a felicidade não está interligada, não depende, nem se proporcionará na nossa vida através de coisas materiais. Nunca, por mais que insistamos nessa ideia. Perguntando um dia a essa pessoa sobre o que ganharia interiormente se tivesse um automóvel de dois lugares, ela chegou à conclusão que ganharia paz de espirito. Porquê? Porque por algumas horas estaria a pensar só em si - nem que fosse só o tempo de chegar ao seu trabalho. Portanto, qual era realmente o objetivo ambicionado? Tempo para si. Com pequenas mudanças na sua rotina diária, esta pessoa conseguiu ter momentos do dia dedicados apenas a si, não vivendo apenas diariamente em função dos horários dos filhos, do emprego, etc.. E conseguiu a sua desejada paz de espirito. Sem gastar dinheiro no automóvel de dois lugares.

Portanto, na hora de definir objetivos, devemos ter em consideração as seguintes regras:

- serem realistas;

- desafiantes;

- terem um prazo determinado no tempo para a sua concretização.

Definir objetivos respeitando estas regras exige que ponderemos sobre o que realmente queremos alcançar - qual será verdadeiramente o objetivo nuclear - e, acima de tudo, ao estipularmos um prazo para atingir o objetivo a que nos propomos, que assumamos um compromisso connosco.