A COMPLETITUDE DE APENAS EXISTIR

Hoje o meu terceiro filho completa 5 anos. Há 5 anos que sinto o circulo completo. Este circulo vai-se alargando e diminuindo, mas sinto-o sempre completo desde que o meu caçula nasceu.

No inicio dos meus 28 anos não imaginava sequer que iria ser mãe. 8 anos depois tinha 3 filhos.

Fui alcançando algumas metas na minha vida: aos 17 anos completei o secundário, aos 22 o curso universitário; aos 20 anos obtive a minha carta de condução e aos 29 anos casei-me.

Este ano completo 42 anos. Fiquei orfã de pai aos 35 anos e orfã de mãe aos 40 anos. 

Todos estes números não encerram em si mesmo um significado especial; são apenas marcos, apontamentos de que por vezes me vou lembrando; no entanto, todos juntos, eles vão recheando a cronologia da minha vida. 

Mas não a completam. Não a são, por si só.

Por apenas existir, o meu terceiro filho - o meu caçula - completa a minha vida. Não a esgota e a impede de crescer, mas completa-a. Fecha o circulo que sempre senti necessidade de preencher mas não sabia como. Completa-o. Apenas por existir.

A completitude que o meu filho me oferece é algo que não lhe consigo explicar por agora, pela idade que tem. Mas que é necessário que ele saiba. 

A simplicidade de tudo isto traz em simultaneo uma serenidade e um deslumbramento tal que parece que não conseguirei nunca entender e absorver devidamente. 

Mas por agora, por hoje, basta contemplar este ser. Este pequenino Ser, que possui em si a completitude. Apenas por existir.