Créditos: macauantigo.wordpress.com
Faz esta semana um mês que aterrei em Angola. A poeira inicial levantada começa a assentar e a deixar ver alguma coisa mais nitidamente. A casa já está adaptada às necessidades e gostos de pequenos e graúdos, as rotinas começam a instalar-se, a vida em família recomeça a rolar normalmente. Como todos nós ansiosamente desejávamos.
No entanto para mim, algo ainda não bate certo, algo está ainda a faltar, o meu coração ainda está inquieto...
Ainda não me sinto em casa aqui. Mas sei que a minha casa já não é lá. O meu corpo aterrou em Angola, mas todo o resto de mim ainda não chegou cá. A minha alma ainda não chegou cá. Anda a pairar por aí, não sei muito bem por onde; aguardo que sinta o chamamento e que venha para junto de mim.
Porque ainda não estou completamente em lado nenhum, sinto-me em terra de ninguém. E isso é doloroso. Todos nós precisamos de pertencer a um lugar, de sentir a terra como nossa, de saber que o chão não nos vai fugir dos pés.
O que me lembra que terei sempre um chão firme pronto a receber-me de braços abertos é a minha Família - a de sangue e a que escolhi: a eles recorro para ir buscar as forças necessárias para me aguentar cá, mais descansada.
O que me segura neste chão é o meu núcleo: neles me apoio para chamar a minha alma para esta terra. Para junto de mim. Para voltar a sentir-me inteira.
Para voltar a sentir-me em casa...
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