Pedir Ajuda: fraqueza ou força?


Pedir ajuda pressupõe que existe algo num determinado momento que não conseguimos fazer, dizer, pensar, assumir, alimentar...
 
Dependendo da dimensão desse "algo", podemos apenas ter de nos reorganizar um pouco (alterar agendas, refazer orçamentos, fazer um telefonema...), precisando apenas de umas dicas de um amigo ou familiar; mas se esse "algo" é imponente e potencialmente paralisante (e muitas vezes já estamos paralisados quando nos damos conta de que precisamos de ajuda), podemos ter de recorrer à "artilharia pesada": assumir perante nós e os outros que naquele momento não conseguimos "dar conta do recado" e que só com ajuda externa poderemos voltar ao equilíbrio na nossa vida.
 
Ora o uso da expressão "artilharia pesada" não é fútil: é que para muitos, assumir que não damos conta do recado é assumir que falhamos, que fracassamos, que não somos merecedores, que temos algures um defeito - mas os outros não, os outros são melhores do que nós, os outros conseguem tudo, os outros são perfeitos!
 
(não existem pessoas perfeitas...)
 
Se mesmo com todas estas ideias negativas na mente, se mesmo com medo e inclusive algum sentimento de vergonha das reações externas, conseguirmos estender os braços e pedir ajuda, então esse é o maior ato de coragem e de força que podemos demonstrar! Porque estamos a reconhecer a nossa mortalidade, a reconhecer que não é possível controlar todas as variantes da nossa vida, a reconhecer que somos seres sociais e que é em espirito de sociedade e inerente entreajuda que podemos sobreviver e ser felizes. E pedindo ajuda, estamos também a possibilitar a oportunidade, a quem nos quer bem e nos quer ver felizes, de contribuir para a nossa felicidade.
 
Pedir ajuda é uma fraqueza? Nem por sombras!
 
Não pedir ajuda e paralisar no estado de desequilíbrio talvez sim...

Emoldurar por favor!

É muito fácil esquecermos-nos do essencial. Do que é básico. Do que, afinal de contas, nos realiza e preenche. O recheio da conta bancária, seja ele qual for, nunca valerá tanto como isto...

A liberdade está mesmo aqui



Quantas vezes pensamos: eu não consigo, eu não sei, eu não posso... não damos crédito às nossas capacidades, aos nossos sonhos, aos nossos objetivos.
 
Quantas vezes somos apenas prisioneiros na nossa mente, enfraquecidos pela força do "não", e esquecendo que dentro de nós habita uma força enorme, pronta a entrar em ação a pedido. Basta pedirmos. Basta nos libertarmos.

O vídeo vale a pena, na minha opinião, pela música. Mas vale também, e fundamentalmente, pela mensagem transmitida pela letra e imagem. Avaliem...

As inevitáveis curvas no caminho

 
A vida tem-me demonstrado que nada é linear. E que não existe preto e branco, apenas infinitas variedades de cinzento. E de cor de rosa. De azul. De laranja...
 
Também tenho aprendido que os recursos que precisamos de usar para chegar aos objetivos que propomos nem sempre são os mais óbvios. Muitas vezes o caminho mais rápido nem sempre é o mais eficaz e mover um passo atrás para poder dar dois passos para a frente torna-se inevitável. E abre o caminho para alcançar o sucesso.
 
Como podemos saber de que estamos a fazer a coisa certa, de que estamos a caminhar na direção correta, de que estamos a prosseguir, apesar das curvas e desvios que nos aparecem, para a meta final? Não podemos, não há forma de saber, apenas de acreditar de que chegaremos lá. Mas se nunca desviarmos o nosso foco do objetivo final, se acreditarmos que apesar dos revezes, somos merecedores dos nossos sonhos, se confiarmos nas nossas capacidades e sobretudo, se aceitarmos que o que a vida nos dá é exatamente o que nesse momento precisamos de receber, chegaremos lá. Quando menos esperarmos.

A solidão da lateralidade

Crescer e envelhecer passa, entre muitas coisas, por observar a hierarquia familiar modificar-se, de tal forma que, a dada altura, somos nós os mais velhos. Os nossos avós vão partindo, os nossos pais também... é a lei natural da vida. Deixamos de ser os netos, deixamos de ser os filhos e passamos a ser apenas os irmãos, se irmãos tivermos e/ou o patriarca/matriarca da família que entretanto, se for o caso, também fomos constituindo. Já não estamos "abaixo de" na árvore, passamos a estar apenas "ao lado de"...
 
Deixarmos de ter alguém "acima" de nós, alguém que ainda "cuida" de nós, pode ser um doloroso desafio. De repente, já não temos aquele "colinho" que, apesar de já sermos bem crescidos, sabíamos que estava sempre lá à nossa espera, "para o que desse e viesse".
 
É hora de testar a nossa capacidade de gestão autónoma e independente da nossa vida, de verificar os níveis de autoconfiança e de avaliar se somos capazes de superar saudavelmente a dor e seguir em frente - muito facilmente podemos cair na armadilha paralisante de reviver ininterruptamente as memórias de quem já partiu, e esquecermo-nos de quem vive à nossa volta e nos é próximo, cuja presença pode representar um recurso fundamental para conseguirmos fazer devidamente o luto e recuperar a alegria de viver.

Os filhos da nova emigração

Créditos: http://br.stockfresh.com

Recupero aqui um texto escrito por mim destinado a integrar uma newsletter do Grupo de Pais do infantário Monfortinhos de Real (a casa que sempre acolheu os meus filhos como se de uma segunda casa se tratasse).

Um tema estruturante. Uma dura realidade hoje e cujos efeitos só serão conhecidos daqui a muitos anos. Quando esta geração tiver os seus netos.


Os filhos da nova emigração – como ser pai e mãe em simultâneo e como procurar estar presente gerindo a ausência.
 
Hoje em dia assistimos a um novo tipo de emigração em Portugal. Pessoas qualificadas, muitas delas com formação superior, rumam para destinos fora de Portugal em busca de trabalho remunerado. Pessoas com família constituída, com um ou mais filhos, com esposa/esposo, tomam a difícil decisão de os deixar, para os poderem continuar a sustentar devidamente. E quem fica assume o difícil papel de colmatar junto dos filhos, o melhor que consegue, a ausência de quem partiu, ao mesmo tempo que, sentindo-se desfeito por dentro, faz um herculeano esforço para permanecer (parecer…) inteiro. Casada e mãe de três filhos com idades entre os 10 e os 2 anos, eu vivo desde 2013 a realidade de o meu marido trabalhar fora de Portugal (Angola, Luanda). Eu fiquei por cá, a cuidar e a criar os nossos filhos. Sozinha. 

Enquanto assistimos a este cenário, muitas crianças crescem tendo o pai ou mãe ausente durante meses, onde o único contacto visual e auditivo acontece através de um computador ou telefone. O toque não é possível, o abraço não é possível, o beijo de boas noites na face não é possível. Falham-se os aniversários, o primeiro dia de escola, a festa de natal escolar, o jogo de futebol onde o miúdo marcou o golo decisivo…

Quem está ausente sente um aperto no coração diário. E culpa. Muita. Ora porque não está a acompanhar in loco o crescimento dos filhos, ora porque não está a vivenciar as suas aprendizagens, as suas conquistas, os seus desafios. E esta culpa cresce ainda pela sensação de que a sua ausência está a causar sofrimento a todos. Apesar de a sua ausência ser uma consequência de querer o melhor para todos…

 Quem fica também não está melhor. Para além do aperto no coração, sente diariamente a pressão de ter de ser mãe e pai, de não ter o cônjuge para partilhar e vivenciar a parentalidade, de fazer tudo sozinho, de saber que abraços extra seus não vão compensar o abraço que falta, que beijos multiplicados não cobrem a face que espera o beijo que falta, que estar presente e assistir ao golo no jogo de futebol não evita o sentimento de alguma tristeza por parte da criança porque “só tu é que me viste, eu queria que os dois me tivessem visto a marcar o golo…”.

Então, o que fazer? Como lidar com esta situação tão complexa, que exige de todos uma carga emocional tão grande, que por vezes parece que não será mais possível aguentar?

Bem, eu fui aprendendo à custa de muitos erros e frustração. Mas também graças a muitos “pequenos” momentos grandiosos, de abrir o coração e arrancar sorrisos do tamanho do mundo, como por exemplo a feliz e radiante surpresa da minha filha Marta por ser o pai a esperá-la à porta da escola no final de tarde, já que a vinda dele tinha sido preparada em segredo, ou as lágrimas a cair copiosamente pela cara abaixo do meu marido por ver os filhos a correrem para os seus braços no aeroporto, depois de ter estado 8 horas dentro de um avião ansiando pelo momento de os abraçar. Estes momentos acalmam o nosso coração e lembram-nos de que o núcleo familiar continua intacto, preciosamente intacto. Este núcleo, independentemente de tudo, é o mais importante, é a prioridade máxima! E é com base neste simples mas fundamental pressuposto que vos deixo alguns conselhos e dicas: 

. Não dar espaço à culpa. Decisões desta natureza, que implicam separar fisicamente o núcleo familiar, são tomadas para beneficiar a médio e longo prazo toda a família, logo para quê sentir-se culpa por querer cuidar e zelar pelo bem estar e todos?
 
. Evitar tentar substituir alguém. Uma mãe ou um pai não conseguirá nunca substituir o papel e peso do outro na vida dos seus filhos – aceitar que neste momento esse défice existe, assegurar que as crianças sabem que a ausência não é sinónimo de menos amor e disponibilizar incondicionalmente colo e abraços para apaziguar as saudades dos pequenos, ajuda na dinâmica diária. Mesmo!

. Pedir ajuda. Pode haver a tentação de tentar fazer tudo sozinho, na lógica de demonstrar para o próprio e para os outros de que tem a situação sob controlo. Isso não vai durar muito tempo. O desgaste emocional e físico vencerá. E as crianças refletirão no seu comportamento esse desgaste. Rodearmo-nos de pessoas importantes para nós e para a nossa família e pedir-lhes auxílio ajudará a dinâmica familiar a fluir com mais calma. Para não estarmos a mil à hora a tentar estar em todo o lado ao mesmo tempo… 

. Muitas vezes as crianças não querem falar pelo computador ou telefone com o pai/mãe ausente. O que fazer? Aceitar e dar espaço a que a criança o faça por sua iniciativa. Porquê? Porque quase sempre a criança está zangada – ela não quer falar através do computador, ela quer falar cara a cara, pessoalmente! Sendo naquele momento essa uma impossibilidade, a criança recusa-se. Estará ela errada? Se calhar não… Com o tempo isso passa. Enquanto não passa, mimos e colo extra apaziguam o coração dela. E o seu. 

. Considerando que o retorno monetário é de tal valor, que justifica a necessidade desta separação na família, planear e definir a curto/médio um prazo para o término da separação familiar, ou seja, definir uma data o mais realística possível para o regresso a Portugal de quem está a trabalhar fora; ou, para quem cá está com as crianças – definir quando poderão ir ao encontro do outro e iniciarem um novo projeto de vida num outro lugar. E falar com as crianças sobre todas essas possibilidades. Para que elas sintam que dentro de determinada data todos ficarão juntos. Como deve ser. 

Porque independentemente de todas as contrariedades, o mais importante… é estarmos todos juntos.

Quem me dera ter uma depressão!

Depressão é uma palavra pesada. Encerra em si muitas ideias pré-concebidas, muitos conceitos errados e essencialmente muitos medos. Quem dela padece ou por ela passou sabe o quanto pode ser debilitante, dolorosa e silenciosamente destruidora. Se não diagnosticada atempadamente, pode levar mesmo a um fim de vida antecipado.
 
No entanto, tratar a depressão não é tratar uma doença. Tratar a depressão é apenas tratar um sintoma de algo bem mais profundo que, dentro de cada um, requer a sua máxima atenção. Assim como a febre  - um sintoma - indica que algo se passa no nosso organismo, a depressão também assinala, chama, grita-nos que precisamos de ver o que se passa na nossa mente. Ou coração. Ou ambos...
 
E, em vez de devastadora, paralisante e depreciativa, a depressão pode ser uma oportunidade! Uma oportunidade de tirarmos tempo para nós, de olharmos para dentro e analisarmos os nossos níveis emocionais, mentais, sentimentais. Assim como devemos fazer um check-up anual para analisar como está o nosso colesterol, sistema imunitário, funcionamento cardíaco, etc., também deveríamos fazer um check-up, no mínimo anual, para vermos como estamos em termos de níveis de autoestima, autoconfiança, ansiedade, gestão emocional da família, trabalho, amigos, da vida!
 
Dar-se conta que sofre com uma depressão e abordar o seu tratamento de forma positiva pode muito bem ser, afinal, o que era preciso para se tornar a pessoa que desejava mas pensava impossível ser.

O primeiro

Créditos: lmerlobooth.typepad.com
 
As apresentações formais ficam para depois. O primeiro post vai inteirinho para a explicação do nome deste blog. Espero que gostem deste "cantinho" e convido-vos a visitá-lo, terei muito gosto em receber-vos por cá!
 
Per·fei·to (adjetivo):
1. Acabado, rematado, completo.
2. Sem defeito.
3. Magistral.
4. Primoroso.
 
"perfeito", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/perfeito [consultado em 10-07-2015].
 
Perfeita. Era o que eu desejava ser. O que durante muito tempo pensava ter de ser; para ser aceite, para ser amada, para ser considerada enquadrável - seja lá o que isso na altura significaria.
 
Tarefa impossível, logo consequentemente votada ao fracasso!, senão vejamos: eu desejava não ter defeitos, ser exímia em tudo o que fizesse, exemplar em todas as minhas ações, nunca errar...
 
O que fui descobrindo ao longo desta minha vida recheada de alguns sucessos e muitos reveses, é que só estamos "completos" quando sentimos serenidade e profunda paz interiormente. E que para sermos amados temos primeiro de amarmo-nos a nós próprios, com todas as qualidades e defeitos, com todas as feridas e dores com que vamos lidando, sejam elas de crescimento ou de outro tipo. E quanto aos defeitos, tenho muitos! Mas são esses mesmos defeitos, são essas mesmas "imperfeições", que me permitem crescer interiormente, evoluir, caminhar para o "completo".
 
Não sei todas as respostas e não pretendo ser um poço de sabedoria. Tenho duvidas e receios como qualquer outra pessoa. Mas uma certeza eu tenho: sei qual é a minha missão nesta vida. Uma missão que passa por ajudar outras pessoas a encontrar o seu caminho, a alcançar os seus objetivos, a descobrir o seu potencial e a maximizar o que têm de melhor.
 
E onde chegaremos se encontrarmos o nosso caminho, alcançarmos os nossos objetivos, maximizarmos o nosso potencial? À FELICIDADE. Porque acredito que em ultima análise, só queremos ser perfeitos, ser aceites e ser amados... para sermos felizes!