A DOR DA SAUDADE

sau·da·de |au| ou |a-u| 
 (latim solitas, -atis, solidão) 
substantivo feminino 
1. Lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que alguém se vê privado. 
2. Pesar, mágoa que essa privação causa. 
3. [Botânica] Planta dipsacácea. = SUSPIRO 
4. [Botânica] Nome de várias espécies de plantas com flores de cores variadas. 
 "saudade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/saudade [consultado em 07-12-2015]

Ouço que com o tempo passa, que fica mais pequena. A dor. 
(Ainda não senti isso)

Que com a distância, tudo se relativiza e as novas experiências amenizam as lembranças do que ficou para trás. 
(Mas eu não deixei nada para trás, tenho tudo no meu coração)

Que com uma nova vida, novas amizades aparecem. E as outras ficam em suspenso porque não há espaço para tudo.
(Há sim, o meu coração é elástico o suficiente)

Lembrança grata... Sim, gratidão é o que sinto por ter conhecido todas as pessoas que fazem parte da minha vida. Mesmo em relação às pessoas que por variadas razões já não fazem parte da minha minha vida, sinto-me grata por elas me terem ajudado a ser quem sou hoje.

Sinto-me grata pela saudade imensa, dolorosa, por vezes (muitas vezes...) exasperante das pessoas que são importantes para mim, mas tão importantes... e a quem nesta altura não posso abraçar, sentir o cheiro, oferecer um café ou o pequeno-almoço.

Com a reconstrução de uma nova vida vem a reconstrução da rede social. Mas eu não estou a reconstruir, porque nada foi destruído. Estou sim a completar a rede, a aumentar a sua dimensão. E grata estou pelas novas pessoas que devagarinho vão entrando na minha vida, porque me têm ajudado a sentir-me normal, a sentir-me inteira.

Sentir a privação é sentir a dor. Está viva no meu coração. Porque simplesmente não posso esquecer. Porque esquecer-me de alguém é esquecer-me de mim.

E agora que chega a quadra natalícia, custa lembrar o que sempre foi. E embora o que este ano será se adivinhe bom pela estreia e pela diferença, ainda assim a saudade aperta. A saudade doí. 
(Porque a privação está aqui a moer...)

Estou em dois mundos: o mundo que tenho actualmente e que estou a abraçar lenta mas firmemente;  e o outro mundo - do que tinha, do que tenho e do que sempre terei, porque está todo aqui, bem apertadinho no meu coração. E não abro mão dele. 
(Não, nunca abrirei mão de vocês!) 

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