TUDO


Difícil. Contemplar o vazio que se impõe, sem pedir licença, quando te ausentas.

Atroz. Sentir a pele queimar por te desejar. E não te tocar. Não te ter. Não te olhar sequer.

Tortura. Tatear o leito que não te alberga, não te aquece. Não me aquece.

Este leito que é teu por direito. E que clama, gritante, por ti. Que sofre, horrendamente, por não te ter. 

Comigo ao lado. A abraçar. A aquecer. A sentir. O Amor. Pleno. Fluído. Brotante. Que tudo inunda. Tudo limpa. 

E que tudo torna muito, muito... melhor.

SÓ PODE


Que eu perceba sempre como vos amparar.
Que eu saiba sempre como ajudar a curar as vossas dores.
Que eu consiga sempre abrir em pleno as minhas asas para vos resguardar.

Apesar das dúvidas. Das inseguranças. Dos medos inesperados. Das dores escondidas. Dos receios disfarçados...

Apesar de... 

Uma certeza eu tenho guardada em mim: não há perfeição. Apenas um coração transbordante. Um sentido de Vida alinhado. E este Mantra que agora sempre me acompanha: Vai correr tudo bem. 

Porque onde há Amor puro, limpo e fluído... tudo só pode. 

Correr bem...

NATUREZA CRUA E BELA


A Natureza tem uma capacidade extraordinária de nos surpreender. Pela sua Beleza. Pela sua Força. Pela sua Resiliência. Surpreende-nos porque somos parvos. Uns asnos mesmo! Porque desde sempre ela nos mostrou que é indomável. Por mais que tentemos condicioná-la, Ela vai sempre, sempre, encontrar uma forma de levar o curso da Vida, avante.

Devíamos ter já aprendido. Ter já prestado atenção. Ter já percebido que nós somos, também, Natureza. E que, como ela, temos dentro de nós a capacidade inesgotável de nos regenerarmos, reconstruirmos, retrilharmos o caminho a fazer. Em comunhão com. Alinhados. Com a ajuda de.

Mas, na vez disso, enchemos o corpo com químicos. Alheamo-nos de nós, dos outros, da realidade. Queremos Ter em vez de Ser. Queremos ser Outros na vez de celebramos quem Somos. Fingimos Felicidade nas redes sociais em vez de procurarmos senti-la no nosso coração, na nossa pele, na nossa alma. Diariamente.

Queremos uma mesa cheia de pessoas. Mas não nos conectamos com metade delas. Mentimos quando dizemos que gostamos de toda a gente. Na vez de assumirmos que não temos de agradar a todos. Nem de gostar...

A Natureza não mente. É completa, dura e cruamente honesta. Consigo. Nela reside uma doce reciprocidade: obtemos dela Vida. E a Ela devemos também devolver Vida. Através do respeito.

Que também cada um de nós o seja. Honesto. Consigo próprio. Que respeitemos o outro. Mas que exijamos igualmente o respeito. Por nós. E isso, só pelo exemplo...

Que em 2019 fiquem as inseguranças limitadoras, as crenças ilusórias, os medos paralisantes.

E que em 2020 finalmente percebamos que Somos mais do que julgamos, Podemos mais do que assumimos e Temos mais do que pensamos. 

E que é necessário muito, muito pouco, para sentirmos Felicidade. Basta acedermos a um local muito especial: o nosso interior. Onde reside a nossa Luz...

QUERIDO 2019

A ti, meu querido 2019, te agradeço. Os dolorosos recomeços. Os deliciosos novos começos. Os surpreendentes caminhos trilhados do zero. O desapego integrado a ferro e fogo pela saída da minha vida de algumas pessoas. O maravilhoso transbordo de Amor no coração pela entrada de outras.

A ti, meu querido 2019, com a devida reverência te estendo uma vênia. Acompanhaste o meu desabrochar, o meu respirar fundo de novo. Assististe às minhas ferozes lutas interiores e ao apaziguamento que se seguiu. Rezaste comigo quando eu pedi Amor, Paz e Serenidade. Presenciaste quando os Abracei. E não mais larguei. Tiveste Fé em mim, meu querido 2019. Mesmo quando eu duvidei. E fi-lo tantas vezes...

Prestes a cederes o teu lugar. A estenderes o trono a 2020. Bem, se no reinado do teu sucessor se desenrolar apenas metade do que neste teu aconteceu... o próximo ano vai ser, simplesmente, extraordinário.

2020, estou preparada. Vamos lá fazer acontecer. 
O extraordinário.
Juntos...

AMANHÃ...

Eu sei. Minha Pessoa, eu sei. Que muitas vezes apetece-te mandar tudo à m#@rda e desaparecer. 
... eu sei...

Que por vezes só te dá vontade de insultar quem te fala da Luz ao fundo do túnel. Porque tu não a vês. Naquele momento.
... mas ela está lá...

Que as forças falham, as dores crescem e as emoções fogem. Ficas gélida, Minha Pessoa. Inerte. Sem vontade de ver o amanhã.
... mas amanhã será diferente...

Que por momentos, não vês o que e quem tens à tua volta. A guardar-te nas suas Asas, a proteger-te nos seus braços, a abraçar-te com o seu coração.
... nada a temer, ninguém vai embora...

Reitero: eu sei. Minha Pessoa, eu sei...
Mas também sei que a seguir à noite vem o dia. Que a Luz ilumina sempre a escuridão. Que os abraços são inesgotáveis. As palavras livres. As Asas imensas...
Que a beleza de assistir a um pôr-do-sol do cimo de um monte é impagável. Que ouvir o silêncio que nos circunda, acalma a Alma. Que abrir os pulmões para deixar entrar o vento gelado da montanha te limpa o corpo e relembra-te: estás aqui. E, Aqui e Agora, tudo está bem. Tudo, simplesmente, É. 

E amanhã, Minha Pessoa... amanhã tudo será diferente. Tudo menos nisto: a tua mão continuará a estar segura. O Lado Certo continuará a bater onde deve. E o que nos Guia continuará alinhado.

Aqui. Agora. E o resto, por hoje, que se lixe...

NATAL RADICAL

Este Natal vai ser radicalmente diferente de todos os anteriores vividos nesta minha existência por cá. 

Durante anos, não lhe dei grande importância. Dinâmicas familiares complexas e a consequente gestão emocional das mesmas quase sempre inadequada, premiavam, com alguma tristeza vazia, a noite de Natal.

Mas desde o primeiro Natal com a primogénita nos braços... e todos os outros que se seguiram, abrilhantados com os três pedaços do meu coração a vibrar com as luzes da árvore de Natal, a rir, a gargalhar, a comer aletria e leite-creme, a assustarem-se com a presença do Pai-Natal na sala, a desconfiarem que se calhar é o avô que ali está e não o verdadeiro Pai-Natal, a perguntar de 5 em 5 minutos se já é meia-noite, a abrirem sofregadamente as suas prendas... que reconheço a verdadeira essência do Natal e o celebro, com alegria pura, no coração.

Este ano... este ano não vou ter alguém a desconfiar se o Pai-Natal na sala é real. Não vou responder de 5 em 5 minutos que não, ainda não é meia-noite. Não vou empilhar brinquedos e dizer que têm de ir para a cama porque têm tempo de explorar os brinquedos novos no dia seguinte. Este ano não.

Este ano não... 

Mas este ano... o outro Lado Certo que a mim veio ter, vai estar comigo. A segurar-me a mão. A sossegar-me o coração. A limpar-me as lágrimas. A acalmar-me a Alma e a impedir que a tristeza se aloje dentro de mim.

Será um Natal diferente. Ainda estou a perceber como o viver. Ainda estou a integrar que a Dor sentida não me vai engolir... Ainda estou a sentir que me falta um pedaço de mim.

Mas este ano... não vou cair. A mão que a minha segura está mesmo ao meu lado. A sussurar-me: "estou aqui". 

E guardo em mim, de forma indelével e inequívoca, esta certeza: o Universo sabe, sempre, o que faz...

EU. TU. NÓS...

Limpo. Descomplicado. Com todo o desrespeito pelas regras lógicas das relações. Sereno. Intenso. Profundo. Transparente. Imenso. Ansioso. Pelo outro. Sempre. Luz. Abraço. Beijo. Beijo. Beijo. Que acrescenta. Que apoia. Que segura a mão. Lado a lado. Agregador. Deslumbrante. Sensual. Que pede Alma segura. Que se nutre coração num coração transbordante. Que pede pele. Quente. Toque. Corpo. Sempre. Que protege. Que acalma. Que É. Tudo.

Aqui. E Agora. Nada mais do que. 
Eu. Tu. Nós...

O LADO CERTO

Tem sempre vivo dentro de Ti que o Lado Certo das coisas existe.

Tem sempre cravado no teu Coração que Ele sabe. O teu Coração sabe sempre de que Lado o que te acrescenta bate. 

Tem sempre gravado na tua Alma que o Bem está sempre presente. Basta olhares para o Lado Certo das coisas. Apesar das dúvidas, receios e ansiedades. Basta Olhar.

Tem sempre junto a Ti as Pessoas que iluminam o teu Lado Certo. Que o Preenchem. Que o Acarinham. Que o Amam.

Tem sempre a confiança intrínseca e inquestionável de que o Teu Lado Certo chega. Basta. Basta-te. Podes ajudar outros a descobrir o seu. Mas guarda sempre bem o teu. Nunca dele abdiques.

E... pelo Universo que te orienta e a Vida que te rodeia... tem sempre o outro Lado Certo que ao teu encontro veio ter, junto a ti. Mãos dadas. Lado a Lado. 

Sempre. 

Para Sempre...

OBRIGADA...


A Gratidão é um acto de amor. E de muita, muita humildade. Porque pressupõe que eu integrei que sou merecedora. E quase sempre, que lutei para. Ganhei o direito a. Que nada me foi dado de graça. Não há borlas. Apenas nos afectos...

A Gratidão não se pratica frequentemente. Amiúde pensamos que merecemos aquela promoção profissional, ou aquele par de botas estupidamente caros que compramos sem termos orçamento para tal.

Mas não somos Gratos. Não agradecemos estarmos vivos. Termos exactamente o que precisamos - não o que queremos. Sermos amados. Darmos uma valente gargalhada por uma piada inesperadamente louca de um colega de trabalho. Vermos o pôr-do-sol em silêncio. Dormirmos aconchegado a quem se ama. 

As pequenas coisas...

Focamo-nos por defeito no que devia ser. Esquecemo-nos de integrar que o que é, é-o por alguma razão. E que temos responsabilidade inequívoca sobre.

Olhamos para fora. Sempre. Apontamos o dedo. Para o outro. Invejamos as vitórias alheias. Não celebramos as nossas. Evitamos o olhar sobre as nossas vísceras - afinal são elas que nos mostram quem somos e de que calibre somos feitos...

A Gratidão é um acto de leveza. Para connosco e para com a Vida. Significa que aceitamos o que ela nos proporciona e que gravado está no nosso coração: se assim é, assim tem de ser. E assim aprenderei. A fazer-ser-ter melhor...

A Gratidão é um acto de respeito. Nada nem ninguém pode ser tomado por mim por garantido e seguro. Nada. Nunca.

Por isso, agradeço. Muito. As pessoas-luz que iluminam a minha Vida. As dores de crescimento emocional que me tornaram resiliente. Os retrocessos e desvios que me ajudaram a encontrar o trilho certo. Quem entrou e saiu, quem entrou e ficou e quem saiu pensando que podia voltar a entrar - aprendi a desapegar do que não me acrescenta e a serenar com o que me faz sorrir.

Por isso, também... agradeço. Eternamente.
Por existires. Nesta Vida. Neste Universo.
Por existires. Na minha Vida. No meu Universo.
Por Amar. E ser Amada. Com Leveza. E Certeza.

Por isso... por tudo... obrigada. Obrigada. Obrigada...

TONTA ENEBRIADA


Que tonta tu eras. Achavas que se fingisses muito, até tu te convencias de que estavas bem. Tonta.

Achavas que bastava arrancar raízes, enfiá-las em 12 malas, pegar nos teus e mudares-te para outro país, para tudo se encaixar. Grande tonta.

Tentaste criar raízes novas. Fingiste que estavas a conseguir. Para ver se a realidade desejada se concretizava. O único busílis da questão, minha Pessoa, é que não desejavas. Pelo menos aquela determinada realidade. Porque aquela só te abafava, te anulava, te subtraía. Mas insististe durante algum tempo. Sua tonta...

Suspiraste pela Felicidade. Perdeste a esperança muitas vezes. Não vislumbraste a Luz ao fundo do túnel. Encenaste sorrisos, criaste histórias maravilhosas de reencontros e do "agora é que vai ser", representaste emoções. Para ver se sentias alguma coisa. Para ver se sentias o teu pulso. Para ver se estavas viva.

Grande tonta... a Vida não se encena, vive-se. A pulso, com as emoções a queimar a pele e o sangue a transbordar no coração. A Vida vive-se. A Luz ilumina. O Amor não é esforço, é fluidez, serenidade.

Se doer, deixa. É sinal que estás a sentir de verdade. E não a fingir que. E não a ser uma tonta. Que acha que não merece.

Se transbordar, deixa. É sinal de que é inesgotável. Goza-o.

Se for imenso, deixa. Agarra. Abraça. Saboreia-o.

Agora... agora podes ser uma tonta, minha Pessoa, uma grande tonta. Apenas porque estás enebriada. 

Apenas porque, Aqui e Agora, és Feliz...

DEIXAR...


Deixar pousar. Respirar. Abrandar o ritmo e simplesmente admirar. Observar. Contemplar.

Deixar de correr. Desacelerar. Parar e olhar à volta. Regozijar. Agradecer.

Deixar fluir. Abraçar. Integrar o que vem. Amar. Abrir.

Deixar de duvidar. Compreender. Aceitar que se merece. Desejar. Amar.

Tudo... Aqui... Agora...

Eu. Tu. Nós...

PARVA...


Demorei muito tempo a perceber que podia ficar sozinha. Que me safava. Que me podia sustentar. Nos afectos. Na Vida. Apenas com o meu Amor-Próprio. 
Demorei. Parva...

Demorei muito tempo a perceber que era imensa. Que brilhava. Que ofuscava. Que ocupava. Que incomodava. Só por ser eu. E que me estava nas tintas para esse desconforto alheio.
Demorei. Parva...

Demorei muito tempo a perceber que tudo é na realidade muito simples; se te incomoda, ignora; se te subtrai, apaga; se te puxa para baixo, corta. 
Foi sempre tão simples. Parva...

Demorei muito tempo a perceber que mereço. Que posso e devo exigir. Que nada nem ninguém me pode prender. Que eu é que decido. Que posso sonhar. E desejar. Que mais cedo ou mais tarde, o que me pertence virá ao meu encontro.
Mesmo parva...

Demorei muito tempo a desacelerar. A desapegar. A descontrair. A ansiar na dose certa. A planear apenas quando estritamente necessário. A encarar o Medo de frente, não lhe permitindo grande espaço. A perceber os meus padrões de comportamento limitativos e a desconstruí-los.
Até que enfim. Sua parva...

Demorei. Porém, no capítulo do Ser Feliz, não há hora marcada. Atrasos. Fora de tempo. Passado.

Para a Felicidade, o momento é este instante. Ou daqui a 5 minutos. É admirar aquele pôr do Sol. Sentir o cheiro da relva acabada de cortar. Receber o abraço apertado. Ou apenas contemplar o mar revolto.

Felicidade é sentir-me livre, totalmente livre. Imensa. Amada. Serena. Luz.

Como agora. Como hoje.

Parva. Mas não hoje. E, espero, jamais...

TRIO-LUZ


Um Beijo. Na Alma. Na Pele. Que se come e nunca sacia. Que se pede e nunca é suficiente. Que acalma. E desespera.

Um Abraço. Que enrola, desenrola e aperta. Que envolve e desenvolve sensações mil. Que promete e ampara. Que segura. E desconstrói.

Um Olhar. Profundo. Directo. Onde nos perdemos. E queremos. Espelho. Onde transparece o Essencial. Que sossega. E assegura. Que bem lá no fundo...

Só Eu. Tu. E Nós...

15...


À 15 anos atrás estava no hospital. Para ser mãe da primogénita. Não sabia para o que ia...

O meu pai vem visitar-me. Olha-me com carinho. Não sabe o que me dizer. Sabe que vai ser avô. Mas não sabe o que me dizer. Oferece-me um sorriso cúmplice e com a sua mão faz-me um carinho na face. Não me recordo de alguma vez o ter feito, até aquele dia... respondo-lhe com um sorriso tímido. Não sei o que lhe dizer. Sou sua cúmplice nisso...

Nasce às 02H25 do dia 14 de Novembro. O meu novo papel. A nova esfera da minha vida. Não sinto dores, a epidural cumpre exemplarmente a sua função. A bebé está bem. Sinto-me um robot. Mostram-me aquele ser embrulhado na manta, ensanguentado e enrugado. Sei que é minha filha. Não compreendo ainda o conceito. Penso "e agora...?" Esboço sorrisos, tento sentir algo. O cansaço não deixa.

No dia seguinte, novo olhar sobre aquele ser. Começa a jorrar do meu coração um Amor bruto, limpo, intenso. Jorra sem fim. Sinto-me assorbebada. Simultaneamente deslumbrada. Incomoda-me que saia dos meus braços. Custa-me partilhá-la. Não sabia para o que ia...

À 15 anos atrás sabia nada. Hoje, nada sei. Ensino muito pouco, comparando ao que me é ensinado diariamente.

Nada sei. Apenas que existe o Amor. Incondicional. Que ele se multiplica infinitamente. Que o coração é elástico. E que alberga muito mais do que alguma vez imaginei.

Nada sei. E que bom é, dia após dia, aprender. E saborear. O Incondicional.

Não sabia para o que ia... e o que iria acontecer. Pois desde esse dia, dentro do meu coração pulsam outros.

E em cada um deles, pulsa o meu...

EMANCIPAÇÃO


Tinha 15 anos. E namorado. Que, apesar de recente, era reconhecido pela minha mãe de que poderia ser coisa à séria. Como todas as paixonetas nestas idades são...

Tinha 16 anos. Ainda o mesmo namorado. E portanto, para a minha mãe, hora de ter "A" conversa barra esclarecimento barra informação... sobre educação sexual. Resumida, basicamente, a um mero aviso sobre vantagens da castidade, encantamentos de manter a virgindade até à noite de núpcias e temores sobre o que os rapazes fazem e dizem sobre as raparigas que se entregam a eles só porque querem. Sem estarem casadas. Ou, no minimo, sem terem casamento marcado. Como se isso fosse garantia de coisa alguma...

Entendi tudo o que me disse. Emiti zero comentários. Corei de certeza enquanto a ouvia. Menti com todos os dentes quando respondi que sim, ainda era virgem. Corei de certeza mais ainda enquanto a mentira disparava da minha boca. E pensei, por momentos, "minha nossa, não posso contar contigo se as dúvidas sobre o meu corpo me assolarem, se as inseguranças sobre se sou mulher suficiente para o meu namorado me atingirem, se o susto de uma possivel gravidez me aterrorizar..."

Outros tempos, sei e aceito-o agora. A minha mãe, apesar da conversa para mim desinformativa e sintomática de certos dogmas circundantes sobre como a sexualidada pelas mulheres deve ser vivida, subiu vários degraus em relação à forma como a sua mãe geriu isto da sexualidade no feminino. Embuída com certeza de uma forte dose de coragem, tomou a iniciativa de ter esta conversa comigo. A sua mãe teve nenhuma. Nenhuma. Nem nas vésperas do casamento com o meu pai.

Sempre assumi para mim que com os meus filhos seria diferente. Filhos - não apenas filhas. Porque a sexualidade ainda é vivida com dogmas e preconceitos, independentemente do género.

Prestes a completar 15 anos em breve, a mais velha. A conversa sobre a mecânica da coisa já aconteceu tinha ela 12 anos. A conversa sobre o que, para mim, mais interessa, fiz questão que acontecesse nas vésperas de um passeio da escola de 3 dias, onde adolescentes com as hormonas aos saltos iam estar fora de casa, em regime de campismo... conversei com ela sobre Poder. Emancipação. Controlo. Liberdade. Total. Dela. Sobre o seu corpo. E a sua Vontade.

Ela pode fazer o que quiser. Com quem quiser. As vezes que quiser. Em consciência. De que é o que Ela quer. E não para agradar ou ceder a chantagens baratas de "se gostasses de mim..". Não há namorados para a vida. Experimentação sim, por favor. Viver o corpo, em Liberdade. Sem pudor. Mas sempre, sempre, em consciência. De que pode fazer o que quiser. Desde que seja respeitada. A sua alma, o seu coração e o seu corpo. 

Sempre em segurança. Sempre. Entrar em contacto com doenças sexualmente transmissiveis não deve ser uma possibilidade. Sugeri-lhe guardar na carteira o preservativo que coloquei à sua frente. Indiquei-lhe onde estavam guardados os restantes. Assegurei-lhe que não era preciso pedir-me autorização para os utilizar. Alguém estava corado, mas não era eu.

Sei que confia em mim. Sei que quando tiver alguma duvida virá ter comigo. Seja ela qual for. Espero ser fiel depositária dos seus segredos sobre os primeiros suspiros, as primeiras experiências, as primeiras desilusões. 

Se assim acontecer, bem... subi a escadaria toda... em prol dela. Em prol deles. Da sua Liberdade. E incondicional... Emancipação.

REPETE...


Guarda dentro de ti a Certeza. De que é Real.

Agarra com unhas e dentes a Crença. No Amor.

Não abdiques - nunca! - do que Queres. Ser Feliz.

E repete, todos os dias: Eu Mereço!

CRESCIDA...


Forte. Dura. Resiliente. Intransponível. De diamante. Indestrutível. Herculeana. A Fé. No Caminho que estou a calcorrear. No Foco que nunca me deve abandonar. No fiel Destino que tracei para mim... Ser. 

Doce. Incondicional. Omnipresente. Resplandecente. Puro. O Amor. Que todos os dias escolho acolher em mim. Que é Luz nas trevas da solidão até agora escolhida. Que me faz Sonhar, Arrepiar, Suspirar... Sempre.

Ao Universo... obrigada. 
À Vida... gratidão.
A Ti, minha Pessoa... orgulho.

... estás tão crescida...

UM SONHO REAL


A pele arde a cada toque.

O coração bate violentamente.

O desejo queima o ar.

Saboreio cada milímetro com calma.

Ouço a voz a sussurrar-me ao ouvido "és minha!".

Concordo totalmente. Rendo-me incondicionalmente.

Os minutos passam. As horas perdem-se. O mundo só existe neste momento, neste local, nestes corpos.

Nada é demais. Nada é proibido. Tudo é permitido.

Viajar até à Lua. Ir ao fim do mundo. Juntos...

Acordo.

Um sonho...?

Ou a doce recordação da realidade...?

ACREDITA


Ainda não acreditas...

Ainda não acreditas que é real. Que veio ao teu encontro. Que esteve à tua espera. Anos....

Ainda não acreditas que tu estiveste a aprender. E a preparar-te. Para o receber. E abraçar. De peito aberto. E alma limpa...

Ainda não acreditas. Que é possivel. O extraordinário. O transcendente. Só para ti. Só a ti... dedicado...

Ainda não acreditas. Que afinal existe. Em pele e osso. Que o podes ver. E tocar. E amar. Incondicionalmente...

Ainda... não acreditas. Que tudo o que sempre desejaste... está mesmo aqui. À tua frente. A olhar para ti...

Mas podes. Acreditar.

Por isso vai lá, minha Pessoa.

Vai lá. Ser Feliz...

SÓ TUDO


Duvidas. Duvidas sempre. O que vale - o que te vale, minha Pessoa - é que o Universo está-se pouco a marimbar para as tuas dúvidas.

A Luz ilumina-te. O Amor rodeia-te. A Paz espera-te. 

Mesmo que coloques em causa. Ainda que duvides. De tudo. De ti...

O que tem de Ser, Será. E... quase dá medo só vislumbrar... mas está a Ser. Tudo. Tudo...

Por isso minha Pessoa, deixa-te de m@rdas...

Aceita. 
Abraça. 
Saboreia. 
Vive. Vive-o. 
Só isso... 
Só tudo...

RESPIRA...


Presta atenção. Presta bem atenção. Pára por um minuto. Pára...

Respira fundo. Bem fundo. Está aí. Mesmo à tua frente.

Pára de arranjar desculpas para fugir, motivos para desligar, razões para bloquear.

Abre o peito. Abre-o bem. E deixa entrar. Deixa, caramba!

Porque se continuas nesse registo, de dar espaço ao Medo, ele vai engolir-te.

E nunca mais verás a Luz.

Nunca mais sentirás o prazer de respirar.

Nunca mais tomarás o sabor do que é incondicional.

E para a Vida...

EU. TODA...


Sem medo. Sem vergonha. Levantar a cabeça e exclamar "mas que raio quem quer que seja tem a ver com o que digo ou faço?!". Virar a página, as páginas que eu entender. Dos livros que me apetecer desfolhar. Dedilhar as palavras. As frases. Saborear os seus sons. Arrumá-los na prateleira dos já lidos. Seleccionar outros...

Integrar que sou realmente Livre. Livre... Liberta de preconceitos, de pressões sociais, de pressões pessoais. Integrar que só me impede a vontade. A minha. E essa, está com a rédea solta. Dou-lhe corda. Para experienciar.

Porque só vem até nós aquilo em que nos focamos. Por isso, convém nos focamos realmente naquilo que queremos.

E eu quero mais. Quero tudo. Em pleno. E, para isso, eu tenho de ser Livre. De amarras socialmente castradoras, de julgamentos alheios, de validações insensatas e infundadas dos outros. Sobre quem eu sou e como hajo.

Caminho nada fácil de percorrer, este. Do ser Livre. Dos julgamentos alheios. Sente-se perfeitamente a tentativa de enlaçar-me, para me amarrar. De me rasteirar, para eu cair. De me enganar, para me confundir. 

Caminho nada fácil... 

Porém, a cada quilómetro percorrido, mais o quero continuar. Mais o coração o valida. Mais o corpo o pede. Mais a Alma o reclama.

Porque é por aqui, é por aqui que vou lá chegar. Ao cume. Da Serenidade Plena. Da Luz Imensa. Da Paz Total. 

De Mim. Toda...

SÓ ISTO...


Quero sentir borboletas na barriga. Quero suspirar, desesperar, ansiar pela próxima vez. Quero estremecer quando me recordar da última. Quero sorrir com cada mensagem recebida, derreter-me com cada telefonema trocado, faltar-me o ar imediatamente antes de voltar a vê-lo.

Quero estar sempre no seu pensamento. Quero que o seu coração se encha de saudade sempre que não está comigo. Quero que a sua pele arda de desejo por falta da minha. Quero que me seduza, me surpreenda, me conquiste, me arrebate. Quero que nunca assuma que estou garantida. Quero que me conheça, me sinta, me ame incondicionalmente. Quero que me respeite, me estimule, me ensine. 

Quero sentir que evoluo. Que cresço. Que me impulsiono para a frente. Por nos darmos um ao outro. 

Quero esquecer o amanhã. Viver o Agora. Sentir o Aqui. Sem planos, nem pressões, nem exigências. 

Quero apenas que nos descubramos. Amando-nos.

Apenas isto. O Essencial. Para mim...

EXISTIR


Não existe isso de confiar demais. Existe sim o se exigir ao outro que se oriente exactamente pela mesma cartilha, pelos mesmos valores, pelo mesmo Norte.
... quando cada um de nós tem vivências diferentes...

Não existe isso de alguém mudar de repente. O que existe é a nossa deficiente competência em interpretar linguagem não verbal, atitudes sintomáticas, reacções sistemáticas a determinadas situações. 
... quoficientes de Inteligência Emocional baixos... 

Não existe isso de não se poder dar tudo. Existe sim um medo exarcebado de lidar com a dor da desilusão, a raiva da frustação, o esmorecimento da paixão.
... não se sabe Viver em pleno...

Anda meio-mundo a sobreviver no morninho, no deixa-andar. Com receio de ser enganado, traído. De sofrer. 

O que passa despercebido a esse meio-mundo é que viver a meio gás, é também uma forma de sofrimento. Lenta. Que devagarinho vai apertando a garganta, fechando o coração, contraindo as veias do corpo. Vai-se estagnando...

O outro meio-mundo... anda a cair, a levantar-se de seguida, a esbardalhar-se todo mas a curar as feridas, a amar intensamente, a sofrer também... Mas a Viver. A experienciar. A sentir o sangue a pulsar nas veias, o coração a bater forte no peito. A ter amores para a Vida, amizades para todo o sempre, nucleos duros de Luz. Pessoas-Luz à sua volta. 

Serenidade com fartura. Simplicidade. Leveza. Momentos de pura Felicidade. Pura Felicidade... a preencher a Vida. A agarrá-la com unhas e dentes e a assumir " é só uma, caramba! Vamos fazê-la valer a pena!"

E só isso... existe.

BACK TO BASICS #11


INFÍMA SABEDORIA


O que acho que sei da Vida? Muito pouco. O que sei efectivamente? Menos ainda. Muito para aprender? Absolutamente!

Mas a tela não está em branco. Não...

Do pouco que já integrei... e nas infímas certezas que guardo em mim...

... sei que tenho quem me queira bem. Muito bem.

... sei quem constitui o meu nucleo duro. Inabalável. Indestrutível. Cuja coesão não se rege pelo tempo passado junto ou o espaço geográfico de proximidade.

... sei que algumas pessoas vieram. E foram. Porque esse era o caminho delas. E o meu também.

... sei que algumas pessoas vieram. E ficaram. Não no papel que seria esperado, mas supreendentemente num ainda melhor. Para elas. E para mim.

... sei que o meu coração é infinitivamente elástico. Abraça mais do que eu julgava possível, perdoa mais do que eu pensava, agrega mais do que eu alguma vez imaginei.

Sei que sou Livre. Sei que só a prisão que eu me impuser me poderá travar. Sei que sou muito. Imensa. Sei que a Vida tem ainda algo fabuloso para me dar. Só tenho de aguardar, com o Coração desprendido. E a Alma liberta, leve, aberta.

Sei ainda muito pouco. Mas acho que vou sabendo... o Essencial.

JAMAIS ABDICAR DA ESSÊNCIA


Isto de a mulher não precisar do homem, financeira e emocionalmente, para existir; estar com alguém exclusivamente porque lhe apetece e não porque sem um homem ao seu lado não se valida... é assustador para alguns espécimes masculinos. 

Tão estratificada a figura masculina, tão dogmática ainda a posição que a mulher deve ocupar, nesta sociedade... que alguns homens acabam por não saber muito bem onde se encaixar e qual o seu papel na relação. Mesmo que a relação não exista sequer, se esteja ainda na fase do conhecimento mútuo.

A mulher não é submissa, desprotegida, alguém a tomar conta de. E aplaude-se essa autonomia. Mas por mais que se ache sexy e sensual uma mulher poderosa, que sabe muito bem quem é e o que quer, isso assusta. Querem algo diferente, mas quando esse diferente lhes aparece à frente, não sabem o que fazer. E começam logo a procurar a porta de saída.

Longo caminho a fazerem, estes homens. De crescimento, de amadurecimento, de construção da auto-confiança...

Por cá, ceder nem que seja um milímetro de quem se É, do que se Quer e Quando... totalmente fora de questão. Caminho solitário? Seja. Abdicar da Essência. Nunca...

SER TUDO


Sede de pele. Fome de amor. Calor que não arrefece. Frio que derrete. Ser Extra. Ser Mais. Não encaixar na norma. Não encaixar na caixa. Sair da regra. Estar a marimbar-se para a opinião alheia. Estar a marimbar-se para o que julgam, vomitam e tentam injectar sobre si. Assumir o corpo. Assumir que faz com ele o que lhe apetecer. Com quem lhe apetecer. As vezes que quiser. Ser Mulher. Ser fogo. Gritar que gosta. Muito. Adorar o prazer. Adorar adorá-lo. Ser livre. Procurar o Amor. Procurar nele tudo. As vezes que quiser. Com quem quiser. Assumir que está nem aí para o que pensam sobre. Questionar o sobrolho franzido - que direito julgas tu que tens para me condenar seja do que for? Mostrar a Alma. Mostrar o sensual. Mostrar o feminino. Sem pudores. Sem medos. Ser. Em toda a Plenitude. E o resto... que vá passar hidratante nos cotovelos...

ÉPICO


O timing... o raio do timing...

Era um ano antes. Um ano, um mês, 10 anos... antes. E seria épico. Teria escrito outra história. Dado outras voltas. Falado com a Vida num outro registo.

O raio do timing...

Já sei, já sei e integrei que tudo acontece na hora certa. Nem antes. Nem depois. E que o que podia ter sido mas não foi traz ensinamento. E o que foi mas desejado que não tivesse sido, também.

Mas caramba!... Vidas que vêm... e não ficam. Porque não é o timing certo. Delas.

(... e meu...)

Ficamos a observá-las a pisar a estrada. Do Ir. A dar outras Voltas, a cruzar outros Caminhos. E nós aqui, saudosas. Muitas vezes apenas e só do que quase foi.

Ainda assim, o sabor foi degustado. O perfume entranhado. A pele sentida. Mesmo que só na doce nuvem dos sonhos...

Que o desejo do que quase foi abrace com mimo o que quero que seja. Que acautele os medos, proteja as esperanças, escude o peito aberto e beije o coração pulsante.

Sempre com esta certeza gravada na Alma: Vai ser. Quando o Coração se alinhar. E o Universo entender. Que é o timing certo. Para ser Épico...

IMPOSIÇÃO


Impõe. Impõe-te... Ergue. Ergue-te... Levanta a cabeça. Levanta-te...

Assume. Assume-te... Olha nos olhos. Fixa-os... Reclama. Reclama-te...

Aceita. Aceita-te... Ama. Ama-te.... Ouve. Ouve-te...

Porque se não o fizeres, minha Pessoa., se não o fizeres... o tempo passa e tu passas ao lado.

Porque se te distraíres, minha Pessoa, o Amor não espera muito mais por ti.

Porque se continuares a fugir de ti, minha Pessoa, podes perder-te. Para não mais te encontrares.

Abre as tuas Asas. Deixa o teu Brilho fluir. E guarda bem perto do teu Coração esta Certeza: a tua Hora está a chegar...

PODER COM ASAS


Sempre que foco totalmente a minha atenção no que o outro disse de menos positivo sobre mim, entrego-lhe poder.

Sempre que desgasto demasiada energia por causa de uma atitude errada do outro sobre mim, entrego-lhe poder.

Sempre que sinto raiva por causa da energia pesada do outro sobre mim, entrego-lhe poder.

O meu. 

Sempre que me desalinho de mim, estou a abdicar do meu poder. Do meu centro. Da minha certeza. Do meu equilíbrio.

Sempre que me esqueço de que o que o outro diz ou faz, não é realmente para mim, entrego-lhe parte do meu poder. Porque o outro nada tem de pessoal contra mim. Essa é uma certeza absoluta. O que o outro tem é, ainda, desalinhamento. Desconhecimento da sua própria Luz. Desconfiança de que seja igualmente merecedor dela, como eu. E então, projecta. As suas frustações. Os seus desesperos. As suas inseguranças.

Sempre que me esqueço de olhar para o outro com compaixão e amor e retribuo com raiva, estou a dar-lhe poder. Para continuar a sentir-se inseguro. desesperado. Frustado.

Poder retirado não alimenta. Corrói. 

Poder merecido, integrado, trabalhado... amplia. Ilumina. Transcende.

Integra para sempre esta Verdade absoluta: não precisas do meu Poder. Tens o teu. Omnipresente. Magnificiente. Pleno.

Reconhece-o. Aceita-o. E permite-te Voar, de uma vez por todas, com Ele...

DUALIDADE DO EU


Dualidade com que se convive, se tolera, pacificamente. Agora. Nem sempre facilmente negociável. Nem sempre fácil de discernir, de intuir, de aceitar.

Porque olhar o passado, com a lente do presente, por vezes dói como o caneco. Por vezes, castigamo-nos sem dó nem piedade porque não compreendermos como foi possível ter estado ali tanto tempo, ter lidado com a Vida daquela forma, ter magoado tantos corações alheios. E o nosso. Friamente. Sem nos darmos conta de nada. Sem nos apercebermos do que estava a acontecer...

Mas... hoje já não somos aquela pessoa. Hoje, o nosso coração bate de uma nova forma. A nossa Vida é admirada com um novo olhar. As nossas escolhas são encaradas com um discernimento novo, mais translúcido, pleno de sabedoria e experiência acumulada. Acumulada pelo que foi.

O Antigo pode ter cicatrizes. Tinta lascada. Paredes cheias de fissuras. Mas é a partir dele que o Novo se define. Se distancia. Se destaca. Se impõe.

Abraçar o que foi. Olhar com ternura para as dores que trouxe. Guardá-lo com Amor no coração. Contemplá-lo de quando em vez e exclamar "Caramba!, vê lá o caminho que já percorreste, as provas que já ultrapassaste, as amarguras que já conseguiste adoçar..."

Celebra-te. Mima-te. Cuida-te. E perdoa-te. Não és perfeita. És apenas Tu. Com o Antigo e o Novo dentro. Como assim deve ser.

PROMETO...


Tenho-te descurado, meu amor. Tenho colocado em ti uma carga que não tens de suportar. Perdoa-me.

Sei que és forte. Mais do que Hércules. Sei que és imenso. Mais do que o Universo. Sei que brilhas. Mais do que o Sol.

No entanto, és frágil. Precisas de amparo. Pedes, de quando em vez, que te abrace e envolva no meu colo. Que te proteja.

Não o tenho feito. Perdoa-me.

Meu coração, coração meu... bates-me com uma violência furiosamente deliciosa. Vibras-me numa frequência loucamente magnânima. Orientas-me numa certeza absolutamente transcendente.

No entanto, descuro-te. Deixo-te a aguentar tudo... sozinho. Escondo-te... do Sentir. Enfio-te numa gaveta... para não me recordares que estou a desviar-me, a desalinhar-me, a afastar-me de quem Sou. Perdoa-me.

Neste caminho solitário de permitir, finalmente, que a minha Essência brilhe, seja Plena e se baste, atropelo-te. 

A estrada é acidentada. As pedras a barrar o percurso muitas. Ainda assim, o que tem sempre de estar seguro, és Tu. As minhas mãos têm sempre de te segurar. O meu peito tem sempre de estar aberto, fluído e sereno, para que cumpras o teu propósito: Bater. Pulsar. Sentir. Enebriar. Tudo.

Prometo proteger-te. Aqui. E sempre. Prometo... 

LIVRE


Domingo. Sair da cama devagar. O corpo desliza lentamente dos lençóis para o chão.

Abrir o peito. Respirar fundo. O dia é teu. Livre. Para fazer o que te apetecer.

A praia chama-me. O céu veste-se de cinzento, a chuva espreita. Mas a praia chama-me. O Mar reclama a minha contemplação. Os meus pés exigem o toque na areia. Mesmo que molhada pela chuva.

Solidão. Das boas. Das que te serenam. A única na praia. Caminho pela linha de água, sentindo o prazer do pé na areia e a água pelos tornozelos. Calças molhadas pelo Mar que me atinge. Pouco me importando com isso.

Estou comigo, com o Mar, com a completitude deste momento. Deste Aqui e Agora. Perfeito.

A chuva cai. Resisto a abrigar-me. Permito-me sentir as suas gotas a polvilharem o meu cabelo, a minha face, a minha alma.

Silêncio absoluto. Do pensamento. No coração, pulsa a emoção de apenas Estar. De apenas Sentir. Sem "ses" ou "mas".

Na alma, serena o Ser. Existe-se apenas. Desligam-se todas as fichas de preocupações e ansiedades que diariamente nos perturbam a Paz.

Hoje não. Aqui nada. Agora... Tudo.

A CONSPIRAR POR TI...

 

Podia ter acontecido, mas não aconteceu.

Podia ter sido, mas não foi.

Podia ter dado, mas não deu.

...

E se tivesse dado, estarias onde estás agora?

E se tivesse sido, terias o que tens agora?

E se tivesse acontecido, serias quem és agora?

...

Olha para o passado sim. Mas apenas para te situar devidamente no presente. E te alinhar no futuro.

Porque a Vida sabe sempre o que faz. E o Universo conspira em todas as Voltas ao Sol a a teu favor. 

Por isso, minha Pessoa, integra de uma vez por todas este Mantra: Viver o Aqui e Agora.

Por isso, minha Pessoa, espera. Pacientemente. O que é teu a ti há-de chegar. Quando estiveres preparada.

Por isso, minha Pessoa, cabe-te, por agora, apenas respirar. 

Respirar. 

Respira...

DESAPEGA. E BRILHA.



Rai´s parta a porra da inveja!

Se és magra, passas fome.

Se és simpática, és falsa.

Se te prestas a ajudar, és graxista.

Se tens roupa nova, ganhas demasiado.

Se não sabes do ultimo boato, andas a leste de tudo.

Se és exigente, és cabra,

Se facilitas, és irresponsável.

Se te divertes, és estouvada.

Se és promovida, dormes com o chefe.

Se, se...

Julgamento feito e atirado para cima. Sem dó nem piedade. 

Simplesmente não te vêem. Não te querem conhecer. A fundo. 

Nas suas cabeças, fazes-lhes sombra. Pensam que não estão à mesma altura.

Nada mais falso...

Nos entretantos da vidinha contida na concha, vão vivendo nesta falsa verdade, inconsciente e podre: "ela é mais do que eu"; "brilha mais do que eu"; "nunca vou conseguir ser igual".

(...mas não tens de ser igual a mim. Tens apenas de ser tu. E tu... tu já brilhas... tanto... apenas ainda não o percebeste...)

E os únicos actos de sobrevivência que a Mentira instiga a fazer é minar. Desdenhar. Espalhar a Sombra...

Desapega-te da inveja. Ela apenas te tolda a visão. Tapa a tua Luz. E impede-te de sentires o quão grandiosa és...

A mão está aqui. Pronta a ser estendida, pronta para agarrar a tua. Basta o quereres. 

Podemos caminhar juntas. Lado a lado. Podes brilhar, ainda mais, comigo.

Vamos...?

AMOR ESPECIAL


É boa a partilha. Oferecer-te mimo. E receber de volta. Saborear a doçura do que passou, mas que permaneceu indelével nas nuvens do sonho vivido.

É bom saber-te aqui ao lado. Ao dobrar da esquina. À mera distância de uma mensagem, de um toque, de um telefonema.

É bom ser tua parceira na cumplicidade do nosso segredo. Todos os dias construído, alimentado, protegido.

É bom conhecer-te pedaço a pedaço. Mimar-te. Amar-te. Ao meu jeito. Amar-te, apesar de tudo. Acima de tudo. Um Amor que não encaixa em regra nenhuma, em gaveta alguma. Muito próprio. Nosso.

Em cada troca de cromos da nossa caderneta, entrego-te um pedaço de mim. Um pedaço do meu coração. E em mim guardo os pedaços do teu, que com tanta candura me dedicas também.

Em mim bate o teu. Como em ti bate o meu.

Seja eterna esta Simplicidade. Esta Leveza. Esta Cumplicidade. Este Amor. Nosso...

DESPOJO DA ALMA

Museu da Escravatura, Morro da Cruz, Luanda, Angola

Choca. Arrepia. Dá calafrios. Quase que se consegue ouvir os gritos de dor, os uivos de desespero, os murmúrios de desalento e desesperança.

Despidos da sua humanidade. Agredidos na sua integridade fisica. Despojados da integridade da sua alma.

As correntes aprisionam o corpo. O chicote castiga a pele. A Alma. 

Procura-se anular o que caracteriza o ser humano: sentir, pensar, amar. Não é permitido amar quem se quer. Não é permitido pensar o que se quer. Não é permitido pensar sequer. Sentir...só obediência. Pelo seu dono. Como se de um objecto este corpo, esta alma, se tratasse.

Periodo terrivel da nossa História. O que somos capazes de fazer ao outro. Imbuidos de uma verdade inventada. Mas validada. Sem questionar.

Mais terrivel ainda... continuar a acontecer. No nosso tempo. Na nossa hora. Ao nosso lado. Com outros contornos bem mais subtis. Bem mais socialmente enquadráveis. Mas ainda assim, escravatura. Do outro.

E de nós próprios. Que somos reféns das nossas crenças dogmáticas, da nossa falta de empatia. Que nos aprisionados dentro da nossa falta de amor, de humanidade, de respeito pelo outro. No fundo, respeito por nós proprios...

Que eu não seja escrava das verdades inventadas. Que eu pense sempre. Que eu sinta sempre. Que eu tenha a coragem de amar, sempre. Para que não escravize ninguém. Nem seja escrava. De mim própria...

MENINAS-MULHER


Uma Mulher ainda a perceber como dar a mão à sua Menina.

Uma Menina a tornar-se Mulher.

Uma Mulher-Menina que deixou os sonhos ficarem na gaveta. Durante algum tempo. Muito tempo.

Uma Menina-Mulher com todos os sonhos a pulsarem-lhe no coração, na alma, no corpo. Com uma vontade sôfrega, faminta, de concretizar, de viver, de Ir.

Uma Mãe que percebe onde a Filha está. Ainda se lembra da transformação, do corte brusco com a inocência, da sede de ser tempestade, de ser caos. De levar tudo à frente, de fazer terraplanagem à meninice. Para erguer furiosamente e com orgulho o ser agora Mulher.

Uma Filha que olha ainda para cima. Para a sua Mãe. Que sabe que ela está mesmo ao seu lado. Que sente que o seu caminho é só seu. E que só ela o pode percorrer. Na certeza porém de que a Mãe olha. Vê. Osculta. Redireciona. Aponta. E quer que ela voe. Bem alto. 

Mesmo que isso signifique ir para longe dela. Mesmo que isso signifique rasgar o peito, apertar as visceras até doer, pôr o coração a sangrar, violentamente. Porque a Mãe sabe que quem tem de Voar, jamais pode ser contido numa gaiola. Sob pena de definhar. Ser uma sombra. Um vulto. Quase nada. Até ser Nada...

Uma Mulher-Menina a recomeçar. 

Uma Menina-Mulher a começar.

Dois caminhos. Mãos dadas. Juntas.

Sempre...