O AGORA...


Viver. 
Sentir. 
Parar. 
Olhar.
Ser. 
Amar. 
Agora.

Agora... 

16 VOLTAS...

Não é a fotografia óbvia. Não, não é. Mas, também, algumas coisas em mim e em ti, filha, não o são, de todo.

O que é óbvio é que foste a minha primeira. Filha, louca aventura, alegria, razão que fez transbordar o meu coracão. De Amor Incondicional. 

O que é óbvio é que neste dia, à 16 anos atrás, pelas 2H35 da madrugada, tu saiste de mim. E eras tão pequenina... Não cabias na minha mão. Mas encaixaste-te no meu colo, no meu peito, na minha vida... e jamais nada permaneceu igual. Tudo para sempre se alterou. Tudo para sempre ficou infinitamente... melhor.

Celebro efusivamente cada volta ao Sol por ti e pelos teus irmãos completada. Adoro ser eu a fazer o bolo de aniversário, decorar a sala com o tema da vossa escolha, planear e executar a ementa que vocês escolhem para o jantar. 
Mimos...

Mas esta é a primeira volta ao Sol que não acompanho. Por escolhas da vida. Que trazem estas consequências. Faz parte...

Mas sabes porque escolhi especificamente esta fotografia para ilustrar o texto sobre a tua décima sexta volta ao Sol completada? Porque tal como esta pequena preciosidade da natureza, tão delicada e singela mas de uma complexidade tal... que não se vê ao primeiro olhar... que não é óbvia... também tu és delicada e singela. Mas só quem de ti é proximo, só quem tu deixas aproximar, só quem te viu nascer e te vê crescer, sabe. Como és muito mais do que mostras, como sabes muito mais do que contas, como sentes muito mais do que dizes. 

E está tudo bem. Assim és. Assim te integro. Assim te acolho. No meu coração de mãe. 

Mesmo que hoje não esteja ao teu lado a ver-te soprar as velas... fazes parte de mim. 
Para todo o sempre... Sempre...

SÊ...

... por isso, sê. Extraordinária. Sem medo. 
Por ti. 
E para ti.... 

12 VOLTAS


Quando a minha primeira filha nasceu, sabia zero do que era ser pessoa inteira. Ainda estava a construir-me (ainda estou...).

Quando ainda era mãe de primeira viagem, dominava népia do que era ser progenitora. Ainda andava a consolidar que me era permitido falhar, não ser a mãe perfeita (ainda ando...).

Ainda assim, desejei ferozmente. O meu coração clamava. O meu corpo gritava. Por ser novamente mãe. E à 12 anos atrás, colocam-me nos braços esta menina. Doce, calma, e serena. Ela. Eu... aterrorizada. Caramba, que responsabilidade, pensava eu. Que irresponsabilidade, passou-me pela cabeça. Queria tanto ser a melhor mãe do mundo para ela e para a irmã, queria tanto dar-lhes tudo de mim, queria tanto fazer tudo bem...

12 anos depois, tenho a certeza que fiz muita coisa mal. Mas outras tantas muito bem. E 12 anos depois, sei que sou a mãe que ela precisa que eu seja. Para ela. E para mim.

E hoje, 12 anos volvidos, sou mãe de uma miúda carismática, divertida e com uma auto-confiança brutal. 

Afinal... aqui a mãe até que se tem safado...

1...


Ui, já se completou um ano de Felicidade com o Amor da minha Vida?!? Cum caneco!, vamos lá brindar a isso!

TU...

Cada dia vivido contigo e a certeza se crava em mim: Tu. Para sempre.

Cada desafio superado, cada dia menos bom partilhado, cada gargalhada provocada só porque sim... e o caminho se cimenta à minha frente: Tu. Para sempre.

Mesmo que o para sempre seja só até amanhã...

Porque hoje aqui estás, ao meu lado. A fazer-me feliz. A segurar-me a mão. A beijar-me a alma.

Porque hoje aconchegas-me o coração. Mimas-me com sorrisos. Despes-me com o teu olhar...

Pode durar só até amanhã. Mas hoje, hoje... o Lado Certo sabe: Tu. Para sempre...

NO MEIO DO CAOS

Ser. Apesar do caos. Acreditar. Apesar das mentiras gritadas. Resistir. Apesar dos empurrões. Levantar. Apesar das quedas. Olhar em frente. Apesar dos panos negros erguidos.

Porque não se trata só de ti e dos outros. É a tua alma que está a ser posta à prova. É o teu coração que está a ser puxado. É a tua integridade emocional que está a ser testada.

E nada tens a provar a terceiros. Apenas tens a zelar. O teu amor-próprio. O teu Lado Certo. O teu Ser.

Porque tudo à tua volta pode estar em ruínas. E parecer que nunca mais delas vais sair. Mas se olhares em frente... E para cima... Vês o horizonte. O Céu. O Sol...

E sabes que no meio das ruinas há mais do que apenas pedras empilhadas. Mais do que é. Mais do que foi. Mais do que deixou de ser. 

Tu sabes... que no meio das ruínas estás tu, sobrevivente. Tu, resiliente. Tu, em pé. Estóica. 

Tu sabes... que embora tudo agora seja caos, o Sol que te ilumina te mostrará o caminho. E das ruínas sairás. 

Tu sabes... 

Acredita. 
Acredita. 
Acredita... 

VOLTAR A MIM

É fácil perdermo-nos de nós. Assustadoramente fácil. Baixamos a guarda e quando nos cai a ficha, já estamos a gravitar à volta do outro, a viver as suas ansiedades, a sofrer as suas dores. E a negligenciar as nossas. A abdicar do nosso tempo. A colocarmo-nos na prateleira. A anularmos o nosso Ser...

Quando isso acontece, o cansaço físico não nos larga. Pudera, estamos em esforço extremo. A contrariar o nosso movimento natural, a sufocar a nossa Voz interior, a sair do nosso caminho intrínseco, para sangrar ao galgar pedras e buracos alheios.

Quando isso acontece, a escuridão começa a rondar. O raciocínio deixa de ser claro, limpo. A nossa energia vital é sugada. A Luz escasseia. A garganta volta a apertar. O desconforto emocional instala-se. E o Centro desalinha-se...

Não é fácil sair deste círculo. Mas é possível. Impossível é viver na miserabilidade. Do "não mereço", do "não consigo", do "já não vou a tempo". Impossível é respirar, dia após dia, infelicidade. Tristeza profunda. Ar pesado, escuro, sem vida.

Não é fácil. Mas é possível. E tu, Minha Pessoa, se ainda duvidas... olha para mim. Observa o caminho que fiz. Onde estou. E como me sinto.

Porque a Vida arranja sempre uma forma de nos trazer o que precisamos. E o Universo ouve as nossas preces. Ambos conspiram a teu favor. Basta acreditares. Neles. Mas essencialmente... e acima de tudo... em Ti.

NADA MAIS...

Respeitar-me. Ser fiel a mim. E ao que sei que me faz feliz. Ouvir a minha menina-interior. E fazer-lhe mais vezes a vontade. Como ontem o fiz: pé na areia, cheiro do mar, mergulho duplo como extra e contemplação do pôr-do-sol. O que eu desejava como cenário da celebração de mais uma Volta ao Sol completada.

Feito.

Fim de tarde maravilhoso, noite excelente. Com brinde extra de encontro inesperado. Com gente boa.

A perfeição é utópica. Mas ontem... foi real. Palpável. Porque me senti imensa, visceral e totalmente completa. 

Imensa, visceral e totalmente... feliz.

E nada mais é preciso. Nada mais...

MANTRA PARA TODOS OS DIAS

Ouvir-me. E respeitar-me... 

45 ANOS BEM MEDIDOS

Correndo tudo bem, vou a meio da contagem desta vida. Não peço imortalidade, apenas lucidez e mobilidade para, até ao ultimo suspiro, me divertir. Comigo, com os outros, com o mundo.

Vou, portanto, a meio. Na contagem. Na Vida, sinto-me a começar. Depois de tantas voltas e inversões de marcha, de desafios herculeanos e muros aparentemente intransponiveis, cheguei a visualizar o meu futuro plano, descolorido, desprovido de sons e emoções.

Mas, inesperadamente, a música começa a tocar. As cores pincelam os dias. O coração bate com força, o sangue corre furioso, a felicidade presenteia-me frequentemente. O Universo atendeu as minhas preces. E deu-me o que eu queria. Quando finalmente fiquei preparada para o receber.

E hoje, não peço nada como presente, tenho já o melhor que se pode desejar: Amor. Muito. Dado. Recebido. Partilhado. 

Que me enche as medidas. 

Na perfeição...

NORTE NO MEIO DO NADA


Luz no escuro.
Frescura no ardor.
Paz na loucura.
Sanidade na infelicidade.
Norte.
No meio do nada.
Do sem rumo.
Do não saber para onde.
E quando.
O Norte.
O meu.
Sem precisar de bússola.
Nem mapa.
A bater.
Sempre.
Do Lado Certo.
Sempre.
Sempre...

SUBLIME DESEJO

A pele que arde... 
A boca que pede... 
O beijo que tarda...
O abraço que espera... 
O olhar que desespera... 
O sorriso que se desencontra...
O corpo que não abraça... 

O desejo que cresce... 
... que reclama... 
... que grita...
Pelo sublime reencontro... 
De pele com pele... 
De boca com beijo... 
De abraço com corpo... 
De sorriso com olhar... 

Este ardente desejo
Que ordena o reencontro,
Comanda o fogo
Deste pujante Amor.
Que de tão transcendente e puro,
Se torna sublime.
Como o seu doce desejo... 

DEVAGARINHO...


Com o tempo aprendi a gostar de mim. Devagarinho, lentamente, fui-me aceitando. Devagarinho, lentamente, fui largando o dogma da perfeição. Devagarinho e muito lentamente, fui compreendendo que a beleza, a real, é invisível ao olhar. Nao tem medidas definidas, não veste marcas xpto e não se pronuncia com maquilhagem.

Com o tempo aprendi a adorar partes do meu corpo. E a salientá-las sempre que possível, para meu gáudio individual. Os ombros são uma delas. Adoro vê-los a descoberto. Sinto-me especialmente sexy com uma blusa ou top que os mostre.

E porventura isto pode parecer insignificante ou fútil para alguém. Talvez porque para esse alguém, amor próprio é algo ainda não por si experienciado...

Olharmo-nos ao espelho e gostarmos do que vemos é muito bom. Olharmo-nos ao espelho e dizermos à pessoa nele refletida que nos sentimos bem na sua pele, que ela é bonita tal como é, que não mudariamos rigorosamente nada, nem um centimetro do seu corpo... é do melhor que há. Porque significa que nos bastamos. Que nos aceitamos. Que nos amamos.

E quem chegar à nossa vida, virá sempre para acrescentar. Nunca para completar. Porque inteiros nós sempre fomos. E se disso temos plena consciência, então tudo fica alinhado. Para sermos felizes. 

Pode demorar algum tempo. Para nos amarmos. Mal nenhum nisso, basta apenas querer. 

Devagarinho... lentamente... chegamos lá.

O QUE FAZ SENTIDO


Créditos: Pinterest

Publiquei esta foto no meu Facebook e Instagram no dia 1 de Março de 2019. Nessa altura sentia-me inquieta, desanimada, cansada. Inquieta por não estar emocionalmente estável, desanimada porque visualizar-me como um hamster na roda, sempre a correr e nunca chegar a lado algum, cansada de justificar as minhas escolhas, as minhas decisões, a minha vida aos outros.

Questionava-me se tinha mesmo de ser assim tão difícil. O recomeço. Se era assim tão escandalosamente fora da caixa eu desejar ser feliz. Depois do divórcio e três filhos ao meu cuidado. Se era realmente válida e concretizável a minha lista. De tudo o que o meu homem de sonho teria de ser...

Apesar de me ter sido dito para esperar apenas homens com fobia do compromisso por eu já ter "bagagem", eu não retirei nem um item à minha lista.

Apesar de me ter sido dito que já tinha uma "certa" idade e portanto viver um amor apaixonante, louco e puro era coisa para adolescentes, eu nunca abdiquei do sonho de conhecer alguém que, só com o olhar, me tirasse o fôlego.

Apesar de me ter sido insinuado que eu era demasiado exigente com a Vida e tinha expectativas demasiado altas em relação à Felicidade, eu mantive-me irredutível. Em relação ao Ser. Ao quanto o merecia. Quanto à forma como queria ser tratada. E amada. Ao que queria da Vida. E a ela devolver.

Estava disposta a ficar sozinha. Antes sozinha que mal amada. Tinha já na altura uma fé tal no Universo e no que Ele tinha destinado para mim que, apesar da inquietude, desânimo e cansaço... eu, em momento algum, iria diminuir-me por alguém. Aceitar menos do que merecia, por alguém. Quebrar a minha integridade emocional e mental, por alguém.

Ainda assim bati com a cabeça na parede. Porque para perceber realmente o quanto estava certa, tive de errar algumas vezes. 

Mas dias depois de escrever isto, conheço uma pessoa. A Pessoa. A pessoa que é, só, o Amor da minha Vida. Só...

Por não ter abdicado de mim, tenho tudo. Por nunca ter aceitado menos do que merecia, tenho tudo. Por ter pedido sempre com todas as minhas forças, apesar dos dias menos bons, das dúvidas, insinuações e criticas, pelo meu homem de sonho... tenho tudo.

Quando nos colocamos em primeiro lugar... quando acreditamos visceralmente que merecemos ser felizes... e quando percebemos que partilhar a nossa Vida com alguém será sempre uma escolha diária, e não uma necessidade... quando tudo isso se conjuga... o maravilhoso acontece. Inesperadamente.

E quanto ao que não faz sentido agora... calma. Acredita. Tudo tem o seu tempo para acontecer. O seu momento para se revelar. 

E quando menos esperares... plim!

Q.I. EMOCIONAL


Em 1998, o psicólogo norte-americano Daniel Goleman referiu-se à inteligência emocional como a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos. A pessoa, por conseguinte, é inteligente (hábil), para gerir os sentimentos. 

Considera-se actualmente que a inteligência emocional é muito mais importante que a inteligência intelectual, na determinação do grau de sucesso na vida pessoal e profissional.

Infelizmente, muita boa gente ainda não integrou isto. Nem está para aí alinhada. Estudaram, têm o "canudo", mas sabem muito pouco. Da Vida. Têm bons empregos, salários interessantes,  mas querem sempre mais. O quê, não conseguem identificar. Gostam de se rodear de um círculo social grande. Mas não confiam em quase ninguém. As relações de amizade são quase sempre superficiais. Não dedicam muito tempo a compreender o outro. E quando o fazem, existe sempre um interesse pouco altruísta a mover essa acção.

Pessoas com quoficientes de inteligência emocional baixos carecem de empatia (capacidade cognitiva de sentir o que o outro está a experienciar), desfocam-se frequentemente das suas emoções e dedicam tempo a apontar responsáveis pelas dificuldades sentidas na sua vida: a culpa é sempre do outro, não sua - desresponsabilização total pelas suas acções e assunção do papel de vitimas.

Estas pessoas têm tudo para ser felizes. Mas porque não desenvolvem este quoficiente emocional, vivem permanentemente insatisfeitas. E quem com elas convive de perto, também. 

No que a mim diz respeito, iniciei há já algum tempo um trabalho de limpeza brutal. Não pretendo ter  por perto pessoas que não me querem bem ou que não me acrescentam. Energeticamente consigo identificá-las, quase instantaneamente.

A Vida é muito curta, muito curta mesmo... Cada um de nós tem o seu próprio processo evolutivo. Pelo qual é inteiramente responsável. E se nos dedicarmos a esse processo, ou seja, se nos dedicarmos a nós... o retorno é enorme. E transborda maravilhosamente para todas as áreas da nossa vida. 

Só é preciso acordar... levantar... e dar o primeiro passo. Para ser Pleno...

LIBERDADE...

Ser livre, ser verdadeiramente livre alberga visceralmente o desapego. O largar. A tentação de dominar o outro. A pulsão de controlar passos, actos, a sua vida. 

E, se tudo acaba, ser livre significa igualmente abrir mão. Do que foi. Do que queriamos que tivesse sido. E, essencialmente, da profunda frustação. Do outro não ter correspondido às expectativas por nós criadas. De que o outro era exclusiva e inteiramente, o responsável pela nossa felicidade...

Enquanto estivermos a olhar para trás... para o que o outro nos fez, para o que o outro não foi capaz de fazer, para o que queriamos que tivesse feito, estamos enredados, presos nele. Estamos a entregar-lhe o nosso poder intrinseco. De decidirmos a nossa vida, as nossas emoções, o nosso pensamento. 

Enquanto estivermos a apontar o dedo ao outro... não olhamos para dentro. Para o que nós fizemos, não fizemos, para o que podiamos ou deviamos ter feito. Boicotamo-nos e não olhamos em frente. Não melhoramos. Não fazemos diferente. Não fazemos melhor. Estagnamos. Não avançamos...

Enquanto estivermos focados no outro que já cá não está... barramos o acesso às maravilhosas oportunidades que a Vida e o Universo têm preparadas pra nós. Enquanto nos focamos na infelicidade que o outro nos trouxe, deixamos a porta fechada à Felicidade. E a quem com ela pode vir junto.

Enquanto estivermos focados em quem não nos amou, descuramos o amor próprio - o primeiro e último Amor que devemos cultivar.

Porque para conseguir amar alguém e permitir por ela ser amada, primeiro temos de nos amar. Profunda, visceral e apaixonadamente. E esse amarmo-nos pressupõe protegermo-nos, salvaguardarmos-nos. Não permitir que emoções negativas nos dominem os dias. Centrarmo-nos em nós e no caminho que queremos trilhar. Confiarmos. E olharmos em frente. Sem medo. O que não foi é porque não tinha de ser. O que queremos que seja, um dia virá. Quando estivermos preparados. E quando menos esperarmos.

E esta certeza dogmática pode ser cravada na alma: quando queremos muito, mas mesmo muito algo, tudo conspira a favor. Eu sou a prova viva disso. Nada é impossivel. Tudo pode acontecer. 
Acredita...

JÁ É...

créditos: pinterest

Expulsa o sono. Acelera o coração. Aperta o peito. Suga o ar. Tolda o pensamento. Queima a pele. Domina o pulsar do sangue. Norteia o Lado Certo. Alberga o porto de abrigo. Este Amor. 

Louco. De tão intenso. De tão puro. De tão visceral. Demasiado? Nem por sombras. 

Abundante. Explosivo. Que tudo banha. Que tudo agrega. Que me acrescenta. Me completa. E me eleva. 

Muita loucura? Sim. Cada vez mais. Cada vez melhor.

Inesgotável. Assim o sonhei. Assim o pedi. Assim o é...

MIMOS


"Porque te maquilhas se não vais sair de casa?", pergunta a minha filha do meio. A mais velha responde-lhe de imediato "para se sentir poderosa!". Esboço um sorriso. 

Note to self: trabalhar com as minhas filhas a aprovação interna. A forma como me apresento ao mundo deve sempre, em primeiro lugar, agradar... a mim. Seja qual for o dress-code de eleição, o tipo de penteado, o perfume escolhido, todas estas escolhas devem sempre a obedecer a uma regra muito simples: agradarem-me.

Só depois vêm os outros e a valorização da sua opinião. 

Por isso, claro que sim, maquilho-me. Mesmo que não vá sair de casa. Porque o acto básico de colocar uma sombra, um rimel e um blush, servem para eu me mimar, para eu me dar uma atenção extra, para eu cuidar de mim. E cuidando de mim, sinto-me bem. Mais bonita. Mais inteira. E sim, poderosa. 

E isso não chega? Claro que sim. Isso basta. Isso é suficiente. Isso... basta-me.

COMO NÃO...?


Como não?! Como não te desejar, perdidamente? Como não te amar, hoje, amanhã, sempre? Como não te suspirar, te respirar, te sorver por todos os poros da minha pele? Como não?!

Se tu és quem eu sempre desejei. Se tu me amas como eu sempre quis ser. Se tu estás colado, cravado, tatuado... na minha pele, na minha alma, na minha vida? Como não?!

Como não te sonhar, acordada...  sentindo o teu cheiro, ouvindo o bater do teu coração, tocando na tua pele, mesmo que ao teu lado deitada não esteja... 

Se tu fazes parte de mim. Se ao teu lado, o Lado Certo bate forte, bate reluzente, bate sempre, sempre, certo. Como não...?!

Como não te sonhar... Tu. Eu. Nós...
Sempre. 
Para sempre...

CORES NA ESCURIDÃO


E de repente, o tapete sai-me dos pés. Fico atordoada com a queda. Demoro a perceber o que me aconteceu. E a aceitar que a rasteira foi auto-infligida. 
A luz desaparece. O fosso abre-se. E quando me dou conta, já estou embalada. Na teia da ansiedade paralisante. Envolta. Pela escuridão.
Como olhar para cima? Onde resgatar forças para sair, da inebriante mas sufocante, nuvem negra...?

Acreditando. Com todas as forças. Em mim. E pedindo. A quem comigo partilha o Lado Certo. Que me segure a mão. 

Porque por vezes a única coisa a fazer é acreditar. Acreditar sem ter provas, ver sem qualquer luz, sentir apesar do vazio. Às vezes é preciso acreditar muito, mesmo muito e só, de que tudo vai passar. E que as trevas não durarão.

E de mansinho, o chão volta a aconchegar-me os pés. As cores voltam a chamar. Tudo serena. E o auto-perdão chega. Apesar de desnecessário. Porque a perfeição não existe. E a Luz que vem, depois da escuridão me deixar, valida o que já devia ser uma certeza inquestionável: Sou. Tenho. E Vou.
Conseguir.
Tudo...

SINGELAMENTE...


Singela. Pequena. Porém, das mais complexas, nutritivas, densas e temerosas palavras que alguma vez podemos dizer a alguém. Poderosa. Pode mover montanhas. E destruir vidas. Senti-la, em todo o seu substrato puro e limpo, é simplesmente avassalador. E, sem sombra de dúvida, do mais bonito e mágico que podemos vivenciar.

Amar alguém, profunda e visceralmente, implica integrar e assumir, inquestionavelmente, que ninguém é responsável pela nossa Felicidade, nem mesmo a pessoa que amamos. A única pessoa responsável por me nutrir de Felicidade.. sou eu. Por isso, o desapego no Amor é fundamental; eu amo esta pessoa porque quero. Porque escolho. Diariamente. Ela não me pertence. Não preciso ou dependo dela para ser Feliz. É uma escolha feita. Amá-la. E por ela ser amada. Dia após dia. Desapego...

Confessar a alguém que sentimos este delicioso e precioso alvoroço emocional exige coragem. Porque sussurrar "Amo-te", principalmente quando o fazemos pela primeira vez, é abrir o peito. Para exibir, sem qualquer proteção, o nosso coração. Esperançada de que ele não se partirá em mil bocados. Receosa de que ele se parta em mil bocados...

Mas quando abrimos mão do Medo, algo maravilhoso acontece... abraçamos o que vem, integramos o que é e vivemos o Amor livremente. Fluida e naturalmente. Respeitando o outro. Crescendo continuamente com. Nutrindo diariamente. Escolhendo. Sem tomar por garantido. Nunca...

Nunca... para que, se ambos quisermos, seja...

...para sempre.

REI SIMBA


Mimado. Acarinhado pelos manos humanos. Sabe que o papá humano fura as regras impostas pela mamã humana e, portanto, melhores amigos não há. Sente quando alguém da matilha não está bem. E de imediato vem ronronar e se enroscar no seu colo. Para ajudar. A limpar. Com a sua energia. 

Desde que chegou, serenou a casa. Acalmou ânimos. Diminuiu ansiedades. Sem esforço. Apenas com a sua essência. De gato. E a sua Luz. Espiritual. 

Companheiro noturno, aconchega os corpos e aquece os corações. Exige mimo quando se chega a casa, não disfarçando no seu miar o tom critico, por o termos deixado sozinho durante algumas horas.

O seu nome é inspirado num leão. E embora não o seja, é majestoso. E reina por absoluto. No carinho que pede, no mimo que dá, no colo que aquece. 

Há gatos com sorte. Estes humanos, que com ele convivem... também.

HIGIENE ESPIRITUAL


Passeio higiénico. Para limpeza da Alma. E alimento do Coração. Sentir o Sol a aquecer-me a pele e o cheiro da maresia a invadir-me os pulmões acalma-me. Serena as minhas ansiedades e realinha o meu centro. Uma longa caminhada ao longo da linha de água, com o mar quase a molhar-me os pés... e a cabeça, antes atulhada de lixo, fica limpa, leve e apta. Para integrar o que é. E validar o que virá.

Um prazer simples. Uma necessidade básica. Que a mim ofereço. E agradeço...

DENTRO DE NÓS


Duvidei muitas vezes do caminho. Minha nossa, tantas as vezes... que cuspi na Esperança, na Luz ao fundo do túnel, nas Voltas que a Vida dá.

A nuvem era tão negra... tão apetecivelmente confortável... cúmplice acolhedora e íntima... que eu não olhava para cima. Para o céu. Para mim.

Durante anos ignorei a beleza mais simples e ao mesmo tempo mais sublime que à minha volta coexistia. Porque isso implicava estar acordada. Liberta. Livre. Da prisão em que me recolhi.

Até que um dia grito para dentro "Basta! Chega! Acabou!" Nesse dia decido acreditar. No caminho. Em mim. E piso o primeiro trilho. Faço-o. Respiro fundo, pela primeira vez em anos. Os pulmões demoram a expandir. A deixar o ar entrar. Estranha essa sensação. Do ar a entrar...

Outros se seguem. Os trilhos. E cada vez mais o respirar fundo é natural. Fluído. Sem dor...

Por cada caminho que faço, outros me aparecem, cada um mais bonito, complexo e nutritivo que o anterior. Estou em permanente autoconhecimento, autoconsciência, evolução emocional e espiritual. Olho para o antes e pergunto-me como consegui andar tanto tempo à deriva. Agarrando-me à ilusão de que sabia onde estava e para onde ia.

Hoje, sei-me inteira. Acredito no Caminho. E em Mim. Confio que o Universo me dará o que para mim está reservado. E que a Vida dá muitas Voltas... proporciona-nos muitas experiências - boas e más. Apenas para que com elas aprendamos. O que é imperioso integrar, mudar e validar. 

Dentro de nós...

SÓ AMOR


Amor. Puro. Limpo. Inato. Sem livro de instruções. Sem dúvidas. E lamentações. Só Amor. A brotar livremente. Incondicionalmente. Sempre. Para sempre...

OLHANDO PARA TRÁS


Tirada em Dezembro de 2018, na última (para já...) viagem a Angola. Ainda meia atordoada com a mudança radical de vida. Mas segura das amarras rompidas. Ainda a descobrir-se. Novamente. Ainda a perceber que, afinal, o seu EU não tinha desaparecido - apenas se encontrava preso nas catabumbas da zero autoestima, da autosabotagem, da depressão...

A desabrochar. Ainda com medo da sua energia. Da sua força. Da sua resiliência. Ainda a duvidar do que é capaz. Mas, apesar do Medo, a Ir. Em Frente. A não olhar para trás. Nunca mais....

Deslumbrada. Por agora se olhar ao espelho e se achar, no mínimo, interessante. Ainda sem coragem para olhar para si e se achar... bonita...

Orgulhosa. Pela coragem tida. De tomar a decisão. Aliviada. Por demonstrar, aos corações que dentro do seu batem, que vale a pena lutar pela nossa Felicidade. Que certos Fins são necessários. Para que novos começos tenham o seu espaço. E grata. Por finalmente conhecerem uma mãe a sorrir. A aliviar culpas. A se tornar leve. 

E a querer... 
A acreditar que pode... 
E que vai... 

Ser Feliz.

NÃO. NÃO VAI FICAR TUDO BEM...


Não. Não vai ficar tudo bem. Totalmente bem. Impossível.

Impossível, depois de uma pandemia, que tudo volte a ser como dantes. Impossível. 

As vidas perdidas são obviamente irrecuperáveis. A economia mundial entrará em grave recessão, uma recessão de proporções bem mais graves e profundas que o crash de 2008.

Mas isto, já (quase...) todos antevêem.

O que ainda não se visualiza, a médio/longo prazo, porque ainda se está no meio do tornado a tentar salvar vidas e a não entrar em colapso de recursos humanos, meios materiais e financeiros, são os futuros danos severos na saúde mental, a escala mundial. No stress prós-traumático de que milhares de milhões de pessoas passarão a sofrer e que lhes limitará a sua sanidade, se calhar para o resto das suas vidas. 

Porque é impossível, para os profissionais de saúde, passarem emocionalmente incómules depois de assistirem, impotentes, à Morte a lhes roubar das mãos centenas de doentes. Sem nada poderem fazer para a contrariar...

Porque é impossível a milhares de pessoas ultrapassar, saudavelmente, a dor de não terem podido fazer o luto devido. Não terem conseguido se despedir do seu ente querido, não terem estado ao seu lado nos seus ultimos momentos em vida, não o terem abraçado, beijado, dito "Gosto de ti", "Nunca te esquecerei", "Amo-te eternamente" uma última vez...

Porque é impossivel integrar mentalmente, de imediato, que esta pandemia está a arrasar a raça humana. A vários níveis. E a levantar o que de pior há em nós. Felizmente, também o melhor. Mas a nuvem negra da Morte é de tal tamanho, de tal densidade... que actos arco-irís ficam tapados, quase sem Luz...

O pior de tudo isto? O stress pós-traumático imputado a esta pandemia só será devidamente validado, pelas entidades e profissionais competentes, daqui a demasiado tempo. Até lá, muitos de nós viverão num sofrimento emocional e mental atroz. As taxas de suícidio em alguns países subirá. As vendas de anti-depressivos e ansiolíticos sofrerá uma subida estonteante. E nós continuaremos a desvalorizar a psicoterapia e o acompanhamento psicológico (abordagens diferentes...) como meios de primeira linha de ajuda, para quem sofre os sintomas.

E este cenário apocaliptico não está muito longe... assim que a poeira assentar e lentamente se for saindo do modo "sobrevivência", abre-se o espaço para...

IMPAGÁVEL



A paz interior. A certeza de que devemos nada. Ou temos a prestar a alguém. Contas. Impagável.

Deitar a cabeça na almofada e dormir. Serena. Certa de que se fez o melhor possível. Com o que se tem. Se sabe. E se é capaz. Impagável.

Sorrir sem vergonha. Olhar nos olhos sem pudor. Ter a cabeça levantada. Preferir esperar por do que deixar à espera de. Impagável.

Ser Luz. Agradecer. O que tenho. Almejar sempre, apenas e só, o que a mim está reservado. E desejar, para o outro, que receba tudo o que merece. Impagável.

E sentir que só isto, para mim, chega. Para ser Feliz. Só.
Impagável...

O SINDROME DA INTOCABILIDADE


É assustadoramente normal. Banal até. O ser humano desligar certos mecanismos de autosobrevivência e assumir que "só acontece aos outros".

Só acontece aos outros morrer num acidente automóvel porque iam a conduzir com excesso de álcool. Logo, eu posso beber o que me apetecer quando sair à noite. Porque eu controlo a cena toda. Eu até conduzo quase de olhos fechados, quanto mais com uns míseros litros de álcool no sangue...

Só acontece aos outros desenvolver cancro nos pulmões, fígado, estômago... Porque eu até sou saudável, nunca fiquei doente e raramente fico constipada. Logo, posso enfiar para o meu corpo substâncias cientificamente provadas como nocivas a longo prazo, porque a mim nada me afecta. E também porque vou viver para sempre...

Só acontece aos outros ficarem infectados com o COVID-19. Eu faço a minha parte. Até uso as luvas (que não descarto nos locais devidos) e a máscara (que só ponho para tapar a boca, no nariz não porque é desconfortável). Por isso, não me peçam agora para, num belo dia de Sol, eu ficar em casa. Eu tenho de ir dar um passeio ao longo da Marginal. Se estão lá outras pessoas, muitas pessoas, isso é lá com elas. Eu tenho o direito, repito - o direito!, de sair de casa para tomar um pouco de ar. E ao ar, já se sabe, não se apanha o tal do virus...

...

Fingimos que está tudo bem. Que nos vai passar ao lado. Que os números que vemos serem anunciados nos orgãos de comunicação social são só isso mesmo: números. Não representam pessoas. Já falecidas. E infectadas. No momento em que escrevo este post, estão, a nivel mundial, cerca de seiscentos e cinquenta mil infectados. E faleceram já mais de trinta mil pessoas. 30.000. E o pico da pandemia ainda não foi atingido...

Por isso, a todas estas pessoas que sofrem deste estranho, perigoso, altamente negligente e arrisco até - criminoso - síndrome da intocabilidade, só vos desejo uma singela coisa: boa sorte. Vão precisar...

ISOLAMENTO DOS AFECTOS


Porque os amo, não lhes posso tocar. Abraçar. Beijar. Cheirar sequer. Os meus filhos. Não posso. Porque os amo.

Não previa esta dor. Que me aperta o peito e me suga o ar. Não os posso ver... só através de um pedaço frio de matéria num telemóvel, que não é capaz de transmitir o calor do meu corpo, de colocar a minha a mão nas suas faces, de os enrolar nos meus braços, num abraço apertado.

E o que me dilacera? Desconheço o quando. Não sei quando será seguro que corram para os meus braços. Não sei quando poderei sorrir com eles enquanto estamos todos sentados à mesa a jantar e a falar baboseiras. Não sei quando... Só sei que esse quando está longe. E esse longe... sufoca-me...

Eu explico. Lhes. Me. Descrevo todas as razões factuais pelas quais não podem estar com a mãe. Quero acreditar que compreendem. Que sabem que a quarentena imposta, a sua segurança e a sua saúde, falam mais alto que a vontade visceral de estarmos juntos. Quero acreditar que sabem que, para a mãe deles, esta ausência não é escolhida. Não é egoísmo. Não é não lhes sentir a falta. Quero acreditar...

No meio deste Apocalipse, agarro-me ao que me é firme: o Amor. Por eles. Por ele. Por mim. E confio. De que apesar do Caos, sairemos incólumes. E capazes de vislumbrar e viver a Vida, de uma perspectiva completamente diferente. 

Talvez... a perspectiva que sempre deveria ter sido...

INVISIVELMENTE CRAVADAS


Incontornável. Esta pandemia. Nas discussões, preocupações, orientações. Confesso a minha inocência inicial. Não esperava o actual estado social e comportamental. Não vislumbrava a necessidade de recolher os meus filhos para quatro paredes durante tempo indefinido. Não acreditava que se pudesse atingir os actuais números de infetados e possíveis. Muito menos que mortes ocorressem.

Porque, mais uma vez inocentemente, assumi que o bloqueio preventivo ia ser eficaz. Que a responsabilidade individual se elevaria. Que as acções no terreno seriam céleres e contundentes.

Agora, lido com o medo. O pânico. A ansiedade que não permite raciocinar, priorizar, antecipar. Pesadas, estas consequências. Brutal, o desgaste emocional na sociedade. Só medido e devidamente validado daqui a demasiado tempo. Por agora, vive-se em suspenso. E paradoxalmente, a correr. Contra o tempo.

Os medos de morrer, de ficar preso em casa sem saber até quando, de não poder adquirir bens alimentares e farmacêuticos, dominam tudo. Toldam todos. Abalam as certezas até agora tidas.

Sentir as grades cravadas no corpo. Invisiveis. Mas cravadas. A comprimirem o peito. A sufocarem gargantas. A tirarem o ar. É o que paira. O que, por agora, predomina.

Agora. E por mais algum... muito... tempo...

NO BARBIE


Tenho cabelos brancos. Não os pinto. Não o desejo. Gosto deles. São prova do meu amadurecimento, Vida vivida, experiência adquirida.

Digo com orgulho as voltas ao Sol que já completei. Não escondo a idade que tenho, muito pelo contrário, ostento-a: 44 anos. 44! E ainda com tanto para vivenciar... Felicidade pura.

Olho-me ao espelho e acho-me uma mulher muito interessante. Não sou uma mulher bonita, no sentido estético actual. Mas tenho um "je ne sai quoi", que considero mais apelativo e sensual que uma qualquer Barbie. Gosto muito de mim. 

Adoro quem sou. E o que tenho feito por mim, para Ser tudo o que ainda posso e quero. Cuido de mim e mimo-me. Sem culpa. Nem remorsos. Por achar que não sou merecedora. Sou-o. Totalmente.

Olho para trás. E vejo o caminho percorrido. Todas as dificuldades. Todas as dores. Todas as pessoas que, por uma via ou outra, me marcaram. E agradeço. Por tudo. Aprendi. Com todos. 

Olho para o Agora. O trilho que estou a seguir. As pessoas que me acompanham. As de sempre e desde sempre. E as escolhidas. E agradeço. Novamente. Fazem parte do meu núcleo. Reforçam-o. Enriquecem-o. Acrescentam-o. Acrescentam-me.

Vislumbro o futuro. Tudo é possível. Não me limito. Posso Ser. Viver. O que e como quiser. Sendo quem sou. E isso é suficiente. Basta. Eu sou. E estou. Completa. Demorou a cá chegar. Mas o piso é firme. O coração coeso. E a certeza do que ainda aí vem de bom... inabalável.

IR


Faz. Não penses muito na cena. Arranca. Vá.

Ama. Amanhã pode ser tarde. Ontem já passou. Hoje é que vale. Bora.

Atira-te. Mil vezes uma má decisão que nada ter feito. E ficar eternamente presa nos "e se...".

Agarra. A Vida. A que tens. E a que queres. É só uma. E garanto-te: passa num ápice, se a deres por garantida.

Persegue. Os teus objetivos. Sempre centrada. Sempre com a bússola. Do Lado Certo.

Foca-te. Com o Coração. A Alma. Em quem És. Orgulhosa de quem foste. E ciente em quem ainda vais Ser.

E em todas estas acções, que sintas sempre a tua Luz. Que saibas sempre que o Universo sabe o que faz. E que confies sempre na Vida. Nas voltas que ela dá. E no que elas te trazem.

Ou deixam para trás...

BELEZA INTERNA

Bela.
A atitude. A postura. A confiança.

Mulher. 
Que sabe. Que quer. E que vai. Sem medo.

Menina.
Que pede colo. Murmura por mimo. Se enrola no abraço. Sempre.

Mãe.
Que até aos 29 anos julgava que não queria. Que tem os que quis. Que sabe que são para sempre. Incondicionalmente.

Corpo.
Com marcas. Da Vida. Dos 78 kg. E depois dos 47. Que sabe o que é ter vida a nascer dentro de si. E que saboreia a Vida. Agora. Em pleno.

Felicidade.
A contemplação. De quem já fui. E quem sou agora. E do que consegui. Com coragem.

Gratidão.
Por hoje me olhar ao espelho. E adorar o que lá está refletido. Com todos os cabelos brancos, estrias, marcas e medidas fora do padrão dito normal, nele contido. 

Luz.
Porque o que adoro ver em mim não se manifesta no meu exterior. Porque o que me faz sentir bonita, sensual, atraente é eu saber-me inteira. Centrada. Com Luz. 
E isso faz toda a diferença. E nota-se. No exterior...

OUVE...


Por vezes dá um aperto no coração. Que nos apanha completamente desprevenidos. Sem pré-aviso, estremecemos. De susto. Perante a possibilidade de perdermos tudo. Tudo.

O Sol pode não brilhar amanhã. Porque já cá não estás para o admirar. Podes não ver os rostos de quem amas quando acordares. Porque não cuidaste, prezaste, mimaste. Porque deste como garantido. Tudo. E todos...

Ao longo destes 44 anos, tenho lenta mas firmemente integrado que querer antecipar cenários, controlar emoções - próprias e externas a mim - e almejar o perfeito... é um exasperante, infrutifero e inglório gasto energético. De nada vale. De nada serve, com uma excepção: impede-me de viver o Presente. De usufruir do Agora. De apreciar em pleno o Ser - meu e de quem mais prezo.

Por isso decidi há já algum tempo fazer algo que não me é ainda completamente natural. Mas que à medida que o vou escolhendo, diaria e conscientemente, mais fluido e inerente a mim se torna, cada vez mais parte do meu Ser é: Ouvir a minha Voz Interior. A minha Intuição.

E a minha Intuição diz-me 500 mil vezes que devo celebrar o que sou. E celebro.

Que devo dançar dentro do carro ao som de uma musica que adoro, apesar de os outros condutores poderem emitir opiniões menos positivas. E danço.

Que devo saborear cada segundo deste Amor que a mim veio ter, com tranquilidade, serenidade e sem medo. E saboreio.

Todos os dias uma decisão consciente. Uma escolha inerente. Uma opção de Vida. A única. Que pode. E leva.

À Felicidade...

ÉS MAIS DO QUE


Tu não és o que te acontece. Nem o que te aconteceu. O que te fizeram. Ou o que fizeste. E pediste que acontecesse. És, também, fruto de. Mas não és isso. Só isso. Molda-te, muda-te, ajuda-te a te posicionares. Mas não altera o teu centro, o teu EU.

Por isso é fácil caminhar contigo. Querer fazê-lo sempre. Para sempre. Porque o primeiro vislumbre que de ti tive, foi de quem eras. Ainda antes de conhecer os teus olhos, o teu sorriso, o teu abraço. Apenas quem eras...

Não me deslumbrou o teu Ter. Arrebatou-me, por completo, o teu Ser. Percebi, em pouco tempo, que eras mais do que mostravas. Por cautela. Que querias mais do que dizias. Por medo. Que davas mais do que exibias. Por pânico. De te esborrachares por completo...

Por isso é fácil estar ao teu lado. Querer a protecção dos teus braços diariamente. O calor do teu olhar sobre mim a cada segundo. Porque o teu centro é limpo, puro, quente. O teu EU reluz, mima. Cuida....

Dúvidas temos todos, de quando em vez, muitas vezes pelo Medo incitadas: se merecemos, se é para durar, se nos amam à séria....

Mas uma certeza inabalável percorre e marca este nosso caminho: estamos juntos. Mão dada. Amor sereno. Fluído. Forte. 

E com este Lado Certo a bater no coração, tudo se encaixa. Se resolve. Se supera. 

Tudo...

MÃOS QUE SENTEM


Prazer. Prazer puro. O que sinto quando adormeço totalmente envolvida no teu abraço.

Protecção. O que me aconchega quando os teus braços me amparam durante a noite e eu te sinto junto a mim.

Mimo. O que me dás quando me olhas com ternura. Quando sinto o teu alívio por finalmente a saudade desaparecer.

Amor. Intenso. E sereno. Sempre. Quando me dás a mão. Partilhamos gargalhadas. Provocamos suspiros. Elevamos emoções. Acalmamos pele. Construímos cumplicidade.

Mão que segura a outra. Ampara. Acaricia.
O Coração...
A Alma...
Os Sentidos...

Mãos que sentem. Com ternura. Paixão. Amor.

Sempre.
E para sempre.
Juntos...

SER. FELIZ. SÓ


O Medo... o Medo tem um poder enorme sobre nós. Assim que lhe damos espaço, invade a nossa mente, tolda-nos as emoções e paraliza-nos as acções, qual tsunami feroz e impiedoso.

O Medo... retira-nos o livre arbítrio. Passamos a agir como se não fôssemos donos e senhores do nosso destino. Das nossas escolhas. Do nosso caminho.

O Medo... impede. Tapa. Bloqueia. Trapaceia.

E quando julgamos que o que nos move não é o Medo mas sim a cautela, a racionalização, a análise objetiva... é quando ele se instala de verdade. Porque o validamos, mascarando-o. Sem pré-aviso...

E o que podia ser vivido não o é, por Medo.

E o que podia ser feito não o é, por Medo.

E o que podia ser amado não o é, por Medo.

Mas... medo de quê?!? Ui... nunca mais acabava de escrever, se enumerasse tudo o que nos impede de viver em pleno.

No que a mim diz respeito, eu sei de que tenho medo. Da Felicidade. Procuro-a incessantemente. E sinto-a, mais frequentemente. Mas tenho um medo do caraças dela.

Porque a tristeza, a infelicidade, foram os meus companheiros de vida durante muito tempo. Nesse terreno eu movimento-me bem. Nesse local obscuro, eu não preciso de mapa. Não me perco...

Mas a Felicidade... é uma morada nova. Vou até lá, mas ainda sem plena confiança. De que mereço. De que lá  pertenço. De que lá posso habitar. Para sempre.

Neste momento o Medo é meu escravo. E eu dele. Estupidamente, vou-lhe dando espaço de quando em vez.

Mas, pela Luz que me guia, pelo Universo que por mim olha e por este Amor que me acolhe, as grilhetas serão finalmente quebradas. Para sempre.

E só haverá uma opção e uma opção só: Ser. Feliz. Só...

FAZ...

Prefere os abraços aos likes. Pede beijos e retribui a dobrar.

Elogia. Para veres o sorriso. E o outro sentir o mimo.

Diz que gostas. Sempre que sentires vontade.

Recebe de volta. Sem pudor.

Aceita que mereces.

Aceita. Aceita. Aceita.

Cuida. E deixa-te ser cuidada.

Ama. E deixa-te ser amada.

Oferece colo. Incondicionalmente. E integra que a ele tens direito. Incondicionalmente.

Acredita. Que virá.

Se já veio, acredita que podes. Que o tens. Que é teu. Por direito.

Desvia os julgamentos.

Dá-te conta das armadilhas. E faz-lhes uma finta.

E... pelo Universo que te resguarda... e pela Luz que te acolhe... Vive.

Sem medo.

Livre.

Serena.

E em Paz...

NINHO MEU...


Refúgio. Bunker. Ninho. Só meu. Onde faço o que quero. Penso o que me apetece. Sonho o que desejo. Nunca antes desenhado e pensado à minha imagem. Agora espelho de quem sou. Quem quero ser. E quem nunca mais quero voltar a. 

Acolhe as minhas lágrimas. Guarda os meus mistérios. Relembra-me sempre que recomeçar, do zero, é dos actos mais dificeis de concretizar. Porque dá um medo do caraças! De não conseguir. De não ser capaz. De talvez conseguir. E logo a seguir tudo poder ruir...

Refúgio. Do meu Ser. Ninho que me vê crescer cada vez mais consolidada, estruturada, realizada...

... feliz...

Espaço que partilho só por escolha. Minha. Que só agora quero. Que só agora vale a pena. Partilhar...

... amor...

Espaço onde me energizo. Me harmonizo. Onde o meu centro se realoja onde pertence. Onde o meu caminho reencontra os seus trilhos. Onde o meu Eu procura - e encontra - a Paz e a Serenidade. Numa doce meditação. Num som tranquilizante. Num livro luminescente.

... luz...

Metros quadrados preciosos. Onde me enrolo. No ninho. E onde me recolho, no silêncio da noite. Para na manhã seguinte voltar. 
A abrir o peito. 
A respirar. 
... a Ser...

ACIMA DAS ROCHAS


Triste quem acredita que vive bem, isolado. Afastando os outros propositadamente.

Triste quem pensa que pode dominar, subjugar, destruir o outro, a seu bel-prazer.

Triste quem se pretende preencher, realizar, validar, anulando o outro.

Contentar-se com o descontentamento alheio. Por si provocado... Triste.

Vazio.

Desprovido de Alma.

Seco de Emoções.

Sombra deambulante.

Vida fingida.

Presa nas rochas elevadas do Azedume e Falta de Amor. Próprio... 


Porque quem É Luz, procura sempre que o outro Seja também.

Porque quem Tem por Merecimento, Dá sempre. Com Amor.

Porque quem Quer com o Foco e Lado certo, Recebe. A dobrar...


Escolhe o Lado. Escolhe-o bem. E aceita. Integra. O que vier depois. 

Depende apenas. E só. De Ti...