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Licenciei-me em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho, Mas adorava ter cursado Psicologia pois sempre quis saber como funciona a mente e explicar o comportamento humano.
Tive há dois anos atrás a oportunidade de conhecer com mais pormenor como funciona a mente - a minha. E ao longo desses dois anos, fui percebendo como interajo com o mundo e com as pessoas à minha volta. E conhecendo em pormenor as razões dos medos, das ansiedades e dos padrões de comportamento que manifestei durante muito tempo e que me atormentavam e paralizavam. Só podemos mudar aquilo que reconhecemos...
Nesta viagem de auto-conhecimento e de cura, o conceito de inconsciente colectivo criado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (colaborou com Freud no inicio do século passado e criou a Psicologia Analítica) foi-me apresentado na senda de eu perceber porque razão durante algum tempo após o meu pai falecer eu sentia o seu cheiro no corredor da minha casa (onde ele nunca esteve...) ou como era possível eu e outra pessoa a mais de mil quilómetros de distância sonharmos na mesma noite a mesma imagem (já aconteceu convosco...?).
O conceito de inconsciente colectivo é muito simples: todos existimos em matéria (protões, neutrões, átomos, etc.), matéria essa que se apresenta em formas diferentes a dado momento. Mas independentemente da sua forma, continua a ser matéria. A imagem do iceberg é perfeita para exemplificar este conceito:
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O iceberg flutua no oceano que é constituído por água no seu estado liquido. O iceberg é constituído por gelo, ou seja, água no seu estado sólido. O iceberg vai aumentando ou diminuindo consoante a temperatura circundante - água em estado sólido que passa para estado liquido e vice-versa. A água presente no oceano também circula de estado em estado - ora no estado liquido, ora no estado gasoso, ora no estado sólido, como neste lindo iceberg. Em todo este processo, a matéria não desaparece, apenas se apresenta em diferentes estados: sólido, gasoso ou liquido.
Assim também é a Humanidade - matéria que se apresenta em diferentes estados:
. o topo do iceberg somos nós no agora em estado sólido, que comemos, trabalhamos, saímos para jantar com os amigos, somos filhos, temos filhos, somos avós...
. a parte submersa do iceberg somos nós rodeados das nossas memórias pessoais, dos nossos medos mais profundos, das recordações de nós ainda na barriga da nossa mãe, dos nossos conceitos não conscientes sobre o mundo e como nos relacionamos com ele;
. a água são os nossos antepassados, são as memórias colectivas da nossa família, são a história de toda a Humanidade, são as recordações e contribuições de todos os que já viveram em estado sólido.
E neste oceano tudo circula e é energia positiva que se movimenta em torno do ciclo da vida e em prol dela. Nada se perde, tudo se transforma, tudo simplesmente existe e é.
Só depois de ter compreendido e aceite este conceito Junguiano do inconsciente colectivo é que deixei de me sentir assustada por sentir o cheiro do meu pai após ele ter partido: 4 anos após ele falecer, eu ainda lutava com um peso enorme nas minhas costas, a "mochila" da culpa, por sentir que poderia ter feito mais para impedir a partida tão precoce e repentina dele. E esse peso estava a tornar-se demasiado pesado... Tomada a consciência de que não estava nas minhas mãos o curso da sua vida, a mochila desapareceu. E eu fiquei mais leve. Fiquei tranquila. Neste oceano em constante movimento, os átomos, protões, neutrões... conectam-se e passam mensagens. Como o meu pai, após a sua morte física, passou para mim, para me ajudar.
Por isso, depende de cada um escolher a contribuição que a sua matéria - seja em estado sólido, gasoso ou liquido - oferece a este Oceano pleno e vivo que é a Humanidade. Todos fazemos parte dele, todos somos Ele.
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