VOLTAR A MIM

É fácil perdermo-nos de nós. Assustadoramente fácil. Baixamos a guarda e quando nos cai a ficha, já estamos a gravitar à volta do outro, a viver as suas ansiedades, a sofrer as suas dores. E a negligenciar as nossas. A abdicar do nosso tempo. A colocarmo-nos na prateleira. A anularmos o nosso Ser...

Quando isso acontece, o cansaço físico não nos larga. Pudera, estamos em esforço extremo. A contrariar o nosso movimento natural, a sufocar a nossa Voz interior, a sair do nosso caminho intrínseco, para sangrar ao galgar pedras e buracos alheios.

Quando isso acontece, a escuridão começa a rondar. O raciocínio deixa de ser claro, limpo. A nossa energia vital é sugada. A Luz escasseia. A garganta volta a apertar. O desconforto emocional instala-se. E o Centro desalinha-se...

Não é fácil sair deste círculo. Mas é possível. Impossível é viver na miserabilidade. Do "não mereço", do "não consigo", do "já não vou a tempo". Impossível é respirar, dia após dia, infelicidade. Tristeza profunda. Ar pesado, escuro, sem vida.

Não é fácil. Mas é possível. E tu, Minha Pessoa, se ainda duvidas... olha para mim. Observa o caminho que fiz. Onde estou. E como me sinto.

Porque a Vida arranja sempre uma forma de nos trazer o que precisamos. E o Universo ouve as nossas preces. Ambos conspiram a teu favor. Basta acreditares. Neles. Mas essencialmente... e acima de tudo... em Ti.

NADA MAIS...

Respeitar-me. Ser fiel a mim. E ao que sei que me faz feliz. Ouvir a minha menina-interior. E fazer-lhe mais vezes a vontade. Como ontem o fiz: pé na areia, cheiro do mar, mergulho duplo como extra e contemplação do pôr-do-sol. O que eu desejava como cenário da celebração de mais uma Volta ao Sol completada.

Feito.

Fim de tarde maravilhoso, noite excelente. Com brinde extra de encontro inesperado. Com gente boa.

A perfeição é utópica. Mas ontem... foi real. Palpável. Porque me senti imensa, visceral e totalmente completa. 

Imensa, visceral e totalmente... feliz.

E nada mais é preciso. Nada mais...

MANTRA PARA TODOS OS DIAS

Ouvir-me. E respeitar-me... 

45 ANOS BEM MEDIDOS

Correndo tudo bem, vou a meio da contagem desta vida. Não peço imortalidade, apenas lucidez e mobilidade para, até ao ultimo suspiro, me divertir. Comigo, com os outros, com o mundo.

Vou, portanto, a meio. Na contagem. Na Vida, sinto-me a começar. Depois de tantas voltas e inversões de marcha, de desafios herculeanos e muros aparentemente intransponiveis, cheguei a visualizar o meu futuro plano, descolorido, desprovido de sons e emoções.

Mas, inesperadamente, a música começa a tocar. As cores pincelam os dias. O coração bate com força, o sangue corre furioso, a felicidade presenteia-me frequentemente. O Universo atendeu as minhas preces. E deu-me o que eu queria. Quando finalmente fiquei preparada para o receber.

E hoje, não peço nada como presente, tenho já o melhor que se pode desejar: Amor. Muito. Dado. Recebido. Partilhado. 

Que me enche as medidas. 

Na perfeição...