JÁ É...

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Expulsa o sono. Acelera o coração. Aperta o peito. Suga o ar. Tolda o pensamento. Queima a pele. Domina o pulsar do sangue. Norteia o Lado Certo. Alberga o porto de abrigo. Este Amor. 

Louco. De tão intenso. De tão puro. De tão visceral. Demasiado? Nem por sombras. 

Abundante. Explosivo. Que tudo banha. Que tudo agrega. Que me acrescenta. Me completa. E me eleva. 

Muita loucura? Sim. Cada vez mais. Cada vez melhor.

Inesgotável. Assim o sonhei. Assim o pedi. Assim o é...

MIMOS


"Porque te maquilhas se não vais sair de casa?", pergunta a minha filha do meio. A mais velha responde-lhe de imediato "para se sentir poderosa!". Esboço um sorriso. 

Note to self: trabalhar com as minhas filhas a aprovação interna. A forma como me apresento ao mundo deve sempre, em primeiro lugar, agradar... a mim. Seja qual for o dress-code de eleição, o tipo de penteado, o perfume escolhido, todas estas escolhas devem sempre a obedecer a uma regra muito simples: agradarem-me.

Só depois vêm os outros e a valorização da sua opinião. 

Por isso, claro que sim, maquilho-me. Mesmo que não vá sair de casa. Porque o acto básico de colocar uma sombra, um rimel e um blush, servem para eu me mimar, para eu me dar uma atenção extra, para eu cuidar de mim. E cuidando de mim, sinto-me bem. Mais bonita. Mais inteira. E sim, poderosa. 

E isso não chega? Claro que sim. Isso basta. Isso é suficiente. Isso... basta-me.

COMO NÃO...?


Como não?! Como não te desejar, perdidamente? Como não te amar, hoje, amanhã, sempre? Como não te suspirar, te respirar, te sorver por todos os poros da minha pele? Como não?!

Se tu és quem eu sempre desejei. Se tu me amas como eu sempre quis ser. Se tu estás colado, cravado, tatuado... na minha pele, na minha alma, na minha vida? Como não?!

Como não te sonhar, acordada...  sentindo o teu cheiro, ouvindo o bater do teu coração, tocando na tua pele, mesmo que ao teu lado deitada não esteja... 

Se tu fazes parte de mim. Se ao teu lado, o Lado Certo bate forte, bate reluzente, bate sempre, sempre, certo. Como não...?!

Como não te sonhar... Tu. Eu. Nós...
Sempre. 
Para sempre...

CORES NA ESCURIDÃO


E de repente, o tapete sai-me dos pés. Fico atordoada com a queda. Demoro a perceber o que me aconteceu. E a aceitar que a rasteira foi auto-infligida. 
A luz desaparece. O fosso abre-se. E quando me dou conta, já estou embalada. Na teia da ansiedade paralisante. Envolta. Pela escuridão.
Como olhar para cima? Onde resgatar forças para sair, da inebriante mas sufocante, nuvem negra...?

Acreditando. Com todas as forças. Em mim. E pedindo. A quem comigo partilha o Lado Certo. Que me segure a mão. 

Porque por vezes a única coisa a fazer é acreditar. Acreditar sem ter provas, ver sem qualquer luz, sentir apesar do vazio. Às vezes é preciso acreditar muito, mesmo muito e só, de que tudo vai passar. E que as trevas não durarão.

E de mansinho, o chão volta a aconchegar-me os pés. As cores voltam a chamar. Tudo serena. E o auto-perdão chega. Apesar de desnecessário. Porque a perfeição não existe. E a Luz que vem, depois da escuridão me deixar, valida o que já devia ser uma certeza inquestionável: Sou. Tenho. E Vou.
Conseguir.
Tudo...