DESPOJO DA ALMA

Museu da Escravatura, Morro da Cruz, Luanda, Angola

Choca. Arrepia. Dá calafrios. Quase que se consegue ouvir os gritos de dor, os uivos de desespero, os murmúrios de desalento e desesperança.

Despidos da sua humanidade. Agredidos na sua integridade fisica. Despojados da integridade da sua alma.

As correntes aprisionam o corpo. O chicote castiga a pele. A Alma. 

Procura-se anular o que caracteriza o ser humano: sentir, pensar, amar. Não é permitido amar quem se quer. Não é permitido pensar o que se quer. Não é permitido pensar sequer. Sentir...só obediência. Pelo seu dono. Como se de um objecto este corpo, esta alma, se tratasse.

Periodo terrivel da nossa História. O que somos capazes de fazer ao outro. Imbuidos de uma verdade inventada. Mas validada. Sem questionar.

Mais terrivel ainda... continuar a acontecer. No nosso tempo. Na nossa hora. Ao nosso lado. Com outros contornos bem mais subtis. Bem mais socialmente enquadráveis. Mas ainda assim, escravatura. Do outro.

E de nós próprios. Que somos reféns das nossas crenças dogmáticas, da nossa falta de empatia. Que nos aprisionados dentro da nossa falta de amor, de humanidade, de respeito pelo outro. No fundo, respeito por nós proprios...

Que eu não seja escrava das verdades inventadas. Que eu pense sempre. Que eu sinta sempre. Que eu tenha a coragem de amar, sempre. Para que não escravize ninguém. Nem seja escrava. De mim própria...

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