DUALIDADE DO EU


Dualidade com que se convive, se tolera, pacificamente. Agora. Nem sempre facilmente negociável. Nem sempre fácil de discernir, de intuir, de aceitar.

Porque olhar o passado, com a lente do presente, por vezes dói como o caneco. Por vezes, castigamo-nos sem dó nem piedade porque não compreendermos como foi possível ter estado ali tanto tempo, ter lidado com a Vida daquela forma, ter magoado tantos corações alheios. E o nosso. Friamente. Sem nos darmos conta de nada. Sem nos apercebermos do que estava a acontecer...

Mas... hoje já não somos aquela pessoa. Hoje, o nosso coração bate de uma nova forma. A nossa Vida é admirada com um novo olhar. As nossas escolhas são encaradas com um discernimento novo, mais translúcido, pleno de sabedoria e experiência acumulada. Acumulada pelo que foi.

O Antigo pode ter cicatrizes. Tinta lascada. Paredes cheias de fissuras. Mas é a partir dele que o Novo se define. Se distancia. Se destaca. Se impõe.

Abraçar o que foi. Olhar com ternura para as dores que trouxe. Guardá-lo com Amor no coração. Contemplá-lo de quando em vez e exclamar "Caramba!, vê lá o caminho que já percorreste, as provas que já ultrapassaste, as amarguras que já conseguiste adoçar..."

Celebra-te. Mima-te. Cuida-te. E perdoa-te. Não és perfeita. És apenas Tu. Com o Antigo e o Novo dentro. Como assim deve ser.

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