Uma Mulher ainda a perceber como dar a mão à sua Menina.
Uma Menina a tornar-se Mulher.
Uma Mulher-Menina que deixou os sonhos ficarem na gaveta. Durante algum tempo. Muito tempo.
Uma Menina-Mulher com todos os sonhos a pulsarem-lhe no coração, na alma, no corpo. Com uma vontade sôfrega, faminta, de concretizar, de viver, de Ir.
Uma Mãe que percebe onde a Filha está. Ainda se lembra da transformação, do corte brusco com a inocência, da sede de ser tempestade, de ser caos. De levar tudo à frente, de fazer terraplanagem à meninice. Para erguer furiosamente e com orgulho o ser agora Mulher.
Uma Filha que olha ainda para cima. Para a sua Mãe. Que sabe que ela está mesmo ao seu lado. Que sente que o seu caminho é só seu. E que só ela o pode percorrer. Na certeza porém de que a Mãe olha. Vê. Osculta. Redireciona. Aponta. E quer que ela voe. Bem alto.
Mesmo que isso signifique ir para longe dela. Mesmo que isso signifique rasgar o peito, apertar as visceras até doer, pôr o coração a sangrar, violentamente. Porque a Mãe sabe que quem tem de Voar, jamais pode ser contido numa gaiola. Sob pena de definhar. Ser uma sombra. Um vulto. Quase nada. Até ser Nada...
Uma Mulher-Menina a recomeçar.
Uma Menina-Mulher a começar.
Dois caminhos. Mãos dadas. Juntas.
Sempre...
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