À 15 anos atrás estava no hospital. Para ser mãe da primogénita. Não sabia para o que ia...
O meu pai vem visitar-me. Olha-me com carinho. Não sabe o que me dizer. Sabe que vai ser avô. Mas não sabe o que me dizer. Oferece-me um sorriso cúmplice e com a sua mão faz-me um carinho na face. Não me recordo de alguma vez o ter feito, até aquele dia... respondo-lhe com um sorriso tímido. Não sei o que lhe dizer. Sou sua cúmplice nisso...
Nasce às 02H25 do dia 14 de Novembro. O meu novo papel. A nova esfera da minha vida. Não sinto dores, a epidural cumpre exemplarmente a sua função. A bebé está bem. Sinto-me um robot. Mostram-me aquele ser embrulhado na manta, ensanguentado e enrugado. Sei que é minha filha. Não compreendo ainda o conceito. Penso "e agora...?" Esboço sorrisos, tento sentir algo. O cansaço não deixa.
No dia seguinte, novo olhar sobre aquele ser. Começa a jorrar do meu coração um Amor bruto, limpo, intenso. Jorra sem fim. Sinto-me assorbebada. Simultaneamente deslumbrada. Incomoda-me que saia dos meus braços. Custa-me partilhá-la. Não sabia para o que ia...
À 15 anos atrás sabia nada. Hoje, nada sei. Ensino muito pouco, comparando ao que me é ensinado diariamente.
Nada sei. Apenas que existe o Amor. Incondicional. Que ele se multiplica infinitamente. Que o coração é elástico. E que alberga muito mais do que alguma vez imaginei.
Nada sei. E que bom é, dia após dia, aprender. E saborear. O Incondicional.
Não sabia para o que ia... e o que iria acontecer. Pois desde esse dia, dentro do meu coração pulsam outros.
E em cada um deles, pulsa o meu...
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