TONTA ENEBRIADA


Que tonta tu eras. Achavas que se fingisses muito, até tu te convencias de que estavas bem. Tonta.

Achavas que bastava arrancar raízes, enfiá-las em 12 malas, pegar nos teus e mudares-te para outro país, para tudo se encaixar. Grande tonta.

Tentaste criar raízes novas. Fingiste que estavas a conseguir. Para ver se a realidade desejada se concretizava. O único busílis da questão, minha Pessoa, é que não desejavas. Pelo menos aquela determinada realidade. Porque aquela só te abafava, te anulava, te subtraía. Mas insististe durante algum tempo. Sua tonta...

Suspiraste pela Felicidade. Perdeste a esperança muitas vezes. Não vislumbraste a Luz ao fundo do túnel. Encenaste sorrisos, criaste histórias maravilhosas de reencontros e do "agora é que vai ser", representaste emoções. Para ver se sentias alguma coisa. Para ver se sentias o teu pulso. Para ver se estavas viva.

Grande tonta... a Vida não se encena, vive-se. A pulso, com as emoções a queimar a pele e o sangue a transbordar no coração. A Vida vive-se. A Luz ilumina. O Amor não é esforço, é fluidez, serenidade.

Se doer, deixa. É sinal que estás a sentir de verdade. E não a fingir que. E não a ser uma tonta. Que acha que não merece.

Se transbordar, deixa. É sinal de que é inesgotável. Goza-o.

Se for imenso, deixa. Agarra. Abraça. Saboreia-o.

Agora... agora podes ser uma tonta, minha Pessoa, uma grande tonta. Apenas porque estás enebriada. 

Apenas porque, Aqui e Agora, és Feliz...

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