INVISIVELMENTE CRAVADAS


Incontornável. Esta pandemia. Nas discussões, preocupações, orientações. Confesso a minha inocência inicial. Não esperava o actual estado social e comportamental. Não vislumbrava a necessidade de recolher os meus filhos para quatro paredes durante tempo indefinido. Não acreditava que se pudesse atingir os actuais números de infetados e possíveis. Muito menos que mortes ocorressem.

Porque, mais uma vez inocentemente, assumi que o bloqueio preventivo ia ser eficaz. Que a responsabilidade individual se elevaria. Que as acções no terreno seriam céleres e contundentes.

Agora, lido com o medo. O pânico. A ansiedade que não permite raciocinar, priorizar, antecipar. Pesadas, estas consequências. Brutal, o desgaste emocional na sociedade. Só medido e devidamente validado daqui a demasiado tempo. Por agora, vive-se em suspenso. E paradoxalmente, a correr. Contra o tempo.

Os medos de morrer, de ficar preso em casa sem saber até quando, de não poder adquirir bens alimentares e farmacêuticos, dominam tudo. Toldam todos. Abalam as certezas até agora tidas.

Sentir as grades cravadas no corpo. Invisiveis. Mas cravadas. A comprimirem o peito. A sufocarem gargantas. A tirarem o ar. É o que paira. O que, por agora, predomina.

Agora. E por mais algum... muito... tempo...

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