SEGUIR EM FRENTE


Não penses que sabes tudo. Na verdade, sabes nada. Observas de fora e já achas que podes formar juizos de valor sobre as escolhas do outro. E fazes. Sem estar interessado nos "porquê", "quando" e  "como". Sem ouvir o outro. A história dele a ti nada interessa. Não faz sentido. 

Colocas-te atrás das desculpas fracas de valor como "não foi assim que fui educado", e esvazias todo o sentimento e empatia. Pela situação mas, essencialmente, pelo outro. Não consegues ver para além de...

O outro passa a ser uma abstração, esvaziado das memórias compartilhadas e emoções vividas em conjunto. Sentes que tens de fazer escolhas. Que a adaptação é fraqueza. Que o reajustar todo o teu modo de pensar significa o desmoronamento de quem és...

Sabes, o primeiro impulso de acção que tenho é de me zangar contigo. Insultar-te. Não percebes que eu estava enclausurada, presa, sufocada? E depois... baixar os braços. E sentir-me abandonada por ti. 

Mas porque já cá ando à algum tempo, porque decidi a determinada altura da minha vida ser mais, sentir mais, aprender sobre mim e sobre os outros, mais... eu aceito-te. Aceito e perdoo. Aceito a tua rigidez de pensamento, a tua dificuldade em perceber que não tens de fazer escolhas, a tua cegueira sobre a imensidão do Amor e no quanto nele cabe tudo e todos. 

E perdoo. Perdoo o teu abandono, a tua distância. Não consegues fazer diferente. Não consegues, neste momento, fazer melhor. E está tudo bem. 

Para mim, é mais uma aprendizagem. De que não se pode ter tudo. De que em cada escolha há uma perda. Ou várias. 

Mas para se ganhar, por vezes, é preciso perder. É preciso largar. É preciso desapegar. Perdoar. E seguir em frente.

Que assim seja. Hoje e Sempre...

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