ÁGUA E LUA

Miradouro da Lua, Luanda, Angola

Uma linha branca separa o azul do Mar da paisagem Lunar. A areia faz o corte, ao mesmo tempo que une os dois universos díspares.

Sinto-me pequenina perante esta obra da Natureza. As colinas erguem-se imponentes durante quilómetros, assumindo sem vergonha as suas escarpas, a sua escultura cuidadosamente polida pelo vento durante séculos. São fruto da erosão e desgaste mas, por isso mesmo, são magnificas.

Uma vez mais, esta recordação leva-me para aquele momento na minha vida em que a Coragem agarrou em mim e ordenou-me: vai, trilha o teu caminho. Vai, tu consegues. Vai, tu mereces!

Uma vez mais, esta recordação transporta-me para a Certeza de que a Dor vem sempre com um propósito. E que há momentos na nossa Vida em que temos de decidir de uma vez por todas e para bem da nossa sanidade mental: saimos da nossa zona de conforto e escolhemos o nosso próprio caminho... ou continuamos a cozer lentamente na panela, até deixarmos de respirar...?

Uma implica romper com amarras, por vezes com tudo e todos que conhecemos. Mas a possibilidade de sermos felizes tem pelo menos uma hipótese. A outra... implica apenas deixarmo-nos estar no assim-assim, no mais ou menos, no se calhar é melhor isto que nada... vivendo em profunda e miserável tristeza e vazio.

Arrisquei. Atirei-me de cabeça. Não me arrependi nunca. Ainda estou a aprender o como. Não sei o quando. Mas tenho a certeza do quê e como isso me preencherá, até ao infinito. 

E para já, isso basta.

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