O MEDO QUE SUSSURRA


Vemos algo ao longe que nos capta a atenção. Contemplamos-a e logo no primeiro relance, conseguimos perceber que estamos perante algo maravilhoso. Mas está ainda lá ao longe, ainda é pequeno ao nosso olhar. À medida que caminhamos na sua direcção, vamo-nos apercebendo da sua grandiosidade, da sua magnificência, da sua estoicidade e resiliência. É algo de uma pureza, de uma beleza... que todos os nossos sentidos se focam para a admirar. Queremos fazer parte dela, envolvermo-nos na sua estrutura, fazer parte da sua natureza.

Mas... o Medo está à espreita. Permanece nas nossas costas para nos sussurrar ao ouvido: olha que isto é grande demais para ti... olha que isto pode tombar e esmagar-te... olha que isto não é para ti... olha que não tens capacidade para aguentar permanecer aqui...

Neste momento, temos algumas opções. Uma delas é aceitar o que essa voz nos diz e racionalizar o sentimento, de forma a engavetá-lo e o transformar em algo insignificante (ter a ilusão de que ele se transformou...) e nunca mais olhar para trás. 

Outra opção é, talvez, a que exige mais coragem, a que implica entrega incondicional, a que tem em si a confiança de ir ao encontro de algo sem qualquer tipo de rede. Confiar. Sem certezas de nada. Confiar na Vida. Confiar em si próprio. Confiar que independentemente do que aconteça, tudo o que venha é sempre melhor que a inércia, o deixa andar, a ausência de memórias, de experiências, de aprendizagens.

Tudo isto implica maturidade. E a perceção profunda de que somos nós que fazemos as nossas escolhas. Somos nós que colocamos no nosso caminho determinadas situações, determinadas pessoas. Nada acontece por acaso. E tudo acontece por uma razão. Ou umas quantas...

Que se integre esta Certeza: somos totalmente responsáveis pela forma como passamos pela Vida. E integrada esta Certeza, o Medo cala-se. Já não é ouvido... 

E que assim seja. Hoje e sempre...

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