A VULNERABILIDADE TORNA-NOS MAIS FORTES

Créditos:markmanson.net

Nunca vou esquecer uma troca de emails entre mim e outros pais do Grupo de Desenvolvimento Parental em que participei em 2014, o Grupo de Pais (mais informação aqui), a propósito da organização de um fim de semana de campismo, em que a ideia era basicamente levar um grupo de adultos e respectiva prole a acampar num fim de semana e trocar experiências sobre a parentalidade vivida por cada um. 

Nessa altura eu ainda estava a viver em Portugal sozinha com os meus três filhos. E à medida que se iam trocando emails sobre o numero de itens a levar para o campismo, a comida a comprar, as horas a combinar para iniciar a viagem, etc., ia crescendo dentro de mim um imenso pânico. Pânico daqueles que paralisa, que mete tanto medo, mas tanto medo... que só nos apetece fugir dali sem olhar para trás.

Lia um email e ficava sem ar. Lia outro email e começava a imaginar que desculpas esfarrapadas mas convincentes poderia dar ao Grupo para não embarcar naquela viagem. Lia outro email e pensava que estava a ser uma histérica porque aquela viagem ia ser divertida para os miúdos e também para mim.

Mas o pânico não arredava pé...

É que à mais de 15 anos que eu não fazia campismo. Sabia lá eu agora montar uma tenda! E nunca tinha ido acampar com os miúdos. Sentia, naquela altura, um medo enorme de não conseguir tomar conta das crianças num ambiente radicalmente diferente do que estão habituados (crianças de cidade...), de não me sentir confortável com os outros pais, de me faltarem as forças, de não ser uma boa companhia...

Já estava pronta para enviar um email com uma qualquer justificação mal-amanhada para me escapulir desta situação que tanto me estava a assustar e que não estava a saber gerir. Mas eis que...

... o meu coração - sei lá como! - manda o meu cérebro sair daquele "ciclone" e parar de pensar! Respiro fundo. Lembro-me do âmbito do Grupo de Pais. Vejo as caras daqueles adultos que, tal como eu e juntamente comigo, partilharam angustias, ansiedades, duvidas, experiências caricatas e lições de vida. 

Relaxo. Respiro fundo. E peço ajuda a todos eles. Confesso-lhes as minhas angustias, assumo perante eles o meu pânico e digo-lhes que me estou a sentir terrivelmente desorientada. Peço-lhes o seu apoio. No fundo, peço-lhes que me carreguem no colo. 

Imediatamente após carregar no "Send" do correio electrónico, penso: "Mas que raio acabei eu de fazer?! Vão achar que sou totalmente maluquinha e uma histérica de todo o tamanho! Acabei de me expor totalmente a estas pessoas, acabei de me colocar numa posição totalmente vulnerável..."

Estupidamente, estava com medo de receber frases trocistas ou falsamente encorajadoras. Mas o que recebi de volta foi amor, compreensão e uma rede de apoio disponível para me ajudar naquele e em todos os momentos.

A dificuldade que muitos de nós experienciam no momento de expor as suas fraquezas e mostrar a sua vulnerabilidade advém do medo visceral de serem magoados. De se aproveitarem de nós. De nos acharem fracos e dispensáveis. De não sermos amados.

Mas a Vida, com todas as pessoas maravilhosas que dela fazem parte, tem-me ensinado que a minha vulnerabilidade só me tem tornado mais forte. A partir do momento em que eu assumo perante mim e os outros que sinto medo, que estou assustada e que preciso de ajuda, eu recebo sempre compreensão, apoio, amor e ajuda. E crescimento pessoal.

Porque ninguém é perfeito e todos temos as nossas vulnerabilidades. Mas é isso que nos torna mais próximos da perfeição...

1 comentário:

  1. :-) realmente foi: aquele plano de campismo deu pano para mangas! Das mais diversas formas e pelas mais diversas razões, foi um desafio que obrigou muitos de nós a alguma introspecção e superação! Tens razão: é um bom exemplo da força de um grupo onde se expõem as vulnerabilidades sem grandes reservas....

    Ninguém é perfeito e essa consciência leva-nos mais longe! ;-)

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