SINTO-ME... NÃO! ESTOU CANSADA!

O "sentir" encerra em si algo de passageiro. Eu não ando temporariamente cansada, não, de todo. 

Eu estou sim em modo "Cansada". E este tem sido o meu estado há já muito, muito tempo.

Mas só ultimamente me dou conta da dimensão desse estado; entre mudança de país, realidade climática e de casa (esta ultima recente, decidida e concretizada numa semana...), perdi-me algures por aí. 

Quase a completar um ano de estadia em Angola e portanto, quase a completar-se um ano a viver novamente a 5 e a serem novamente dois a cuidar e educar 3 crianças, pergunto-me simplesmente como consegui aguentar tanto tempo sozinha. Como consegui cuidar de uma mãe doente, assistir impotente à vida a escapar-lhe do corpo, fazer o funeral, encerrar uma casa, lidar com o pânico de ir mudar radicalmente de vida... ao mesmo tempo que cuidava de 3 crianças, sozinha. Sozinha.

A resposta? A resposta a todas estas perguntas é que, na verdade... eu não consegui. Eu estive em esforço mental e emocional durante todo esse tempo. O fisico andou em piloto automático. Eu coloquei-me em modo "dormente". Para poupar energia. Para não colapsar de uma vez por todas. Para sobreviver.

Passado quase um ano a viver num outro país a 5, acompanhada nesta missão para a vida que é educar os nossos filhos, começo finalmente a relaxar. 

Começo a permitir perdoar-me por não ser super-mulher 
(porque não tenho de o ser, nem para mim nem para ninguém).

Partilho as angustias e ansiedades que me assolam de quando em vez 
(já não estou sozinha...).

Permito-me pedir ajuda porque sei (agora) que não tenho de fazer tudo
(já não estou sozinha...).

... começo a relaxar...

E agora o esforço, que quase me engoliu, finalmente dá tréguas e abranda. Assim como a adrenalina
(essa doentia e viciante sugadora de energia).

E portanto, agora dou-me conta de que estou de rastos... estou muito cansada... preciso desesperadamente de descansar. 

Como o faço? Não faço a mais pálida ideia. Creio que esse é, sem sombra de dúvida, um dos meus desafios a muito curto prazo...

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