Há os de mimo, os de cumprimento e os de colo. Há também os de tira-dor depois da esfoladela no joelho e ainda os tira-medo por causa do pesadelo noturno.
E depois... há os parte-costela. Os abraços, digo - os abraços parte-costela.
Embora se possa ser picuinhas e afirmar que todos os tipos de abraço cabem no mesmo saco... eu, emigrante à 15 meses num local 8.000 mil quilómetros distante de tudo o que sempre conheci digo, inegociavelmente, que não, não cabem. Os abraços parte-costelas são diferentes de todos os outros.
Oa abraços parte-costelas seguem outras regras, impõem-se por outros motivos e são o primeiro gesto que se faz quando reencontramos o outro pedacinho do nosso coração. Porque é disso que se trata: o reencontro com o outro pedacinho do nosso coração.
Cada pessoa que nos é muito próxima tem um pedacinho do nosso coração. Foi-lhe entregue. Por nós. Por isso, quando vivemos distantes ou estamos muito tempo sem conviver com essa pessoa tão chegada, o espaço que esse pedacinho ocupou no nosso coração começa a doer. A doer muito. De saudades.
E só existe uma forma de apaziguar essa dor: oferecer e receber um bem grande abraço parte-costela, ainda antes de proferir uma palavra que seja. E é de tal forma apertado que quase deixamos de respirar. Mas assim tem de ser. Para realmente voltarmos a respirar. Sem dor.
Por estes dias vou oferecer muitos abraços parte-costelas. Mal posso esperar...
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