Isto de tentar a todo o custo ser (parecer...?) perfeita cansa muito: alheamo-nos da realidade, anestesiamos emoções, construímos o argumento da nossa vida (na vez de a vivermos tal e tal como ela é, com todas as divertidas peripécias e dolorosas experiências) e cansamos os maxilares com sorrisos forçados.
Como dizia, tentar chegar à perfeição cansa muito. E eu estou esgotada. Sinto-me esvaziada. Falta-me energia.
E pergunto-me: para que serviu a busca da perfeição? Que reais benefícios me trouxe? O que ganhei de verdade com todo esse processo insano e inalcansável? Bem, muito pouco. Porque no processo de me afastar de quem sou para tentar ser outra coisa diferente - imbuída da crença de que seria algo bem melhor! - alienei-me. Perdi quase totalmente a noção de quem sou.
Os quarenta anos envolvem inegavelmente uma mágica e misteriosa magia que nos desperta para as mudanças que precisamos de fazer na nossa vida. Nesta altura começamos a separar o trigo do joio no que respeita a amizades, a prioridades profissionais e até emocionais.
Neste ultimo ano os meus quarenta anos envolveram tanta pancada, tanta dor, tanta abrupta saida da minha zona de conforto que a dada altura pensei que não iria aguentar o embate.
(...e isso esteve prestes a acontecer...)
Como resolução pós-férias, a minha prioridade vai ser voltar a energizar-me. Vai ser resgatar-me. Vai ser assumir o meu eu em pleno, correndo o risco de no decorrer disso, algumas pessoas estranharem e se afastarem de mim.
(... mas é impossivel agradar a todos...)
Eu é que não posso mais colocar-me em segundo plano. Eu é que não posso mais pensar que não sou merecedora.
... eu é que não posso mais pensar que não vou ser amada tal como sou...
Abrir o buraco onde me escondi foi esgotante. Manter-me lá no fundo também. Sair dele demora algum tempo. Mas só assim posso viver outros 40 anos, desta vez de forma saudável e plena. Não feliz! - a Felicidade é o caminho, não o fim. Mas plena. E se isso assim for, será maravilhoso!
Porque eu mereço.